Brasília surgiu a partir do cruzamento de duas linhas. A simplicidade do traçado de Lucio Costa é a essência do Plano Piloto. Os monumentos marcantes de Oscar Niemeyer complementaram a paisagem e transformaram a capital em um símbolo do movimento modernista. Há exatos 25 anos, a importância dessas ideias inovadoras foi reconhecida e a cidade recebeu o título de patrimônio mundial da humanidade. Mas hoje a leveza do desenho de Brasília, vencedor do concurso que escolheu o projeto da nova capital, contrasta com a vulgaridade e com a falta de padronização das construções irregulares. Moradores, comerciantes e empresários da construção civil invadem áreas públicas, cercam os pilotis, constroem acima do permitido e desfiguram o projeto original.
É essa realidade que a missão da Unesco, prevista para chegar amanhã a Brasília, vai se reunir. Os dois especialistas estrangeiros indicados pela organização percorrerão a cidade, conversarão com autoridades, se reunirão com representantes de instituições de defesa do patrimônio e, por fim, farão um relatório. Em abril, esse documento será analisado pelos representantes dos mais de 180 países que integram o Conselho do Patrimônio Mundial, com sede em Paris. Os problemas dos brasilienses ganharão dimensões internacionais e serão escancarados para o mundo inteiro. O argentino Luís Maria Calvo e o espanhol Carlos Sambrício são os consultores indicados pela Unesco para a missão, que vai durar cinco dias.