LONDRES – Malala Yousufzai, a jovem paquistanesa baleada na cabeça pelos talibãs, conseguiu ficar de pé com a ajuda da equipe médica pela primeira vez desde o atentado, informaram nesta sexta-feira os médicos responsáveis por seu tratamento em um hospital britânico.
Ela também está se comunicando com algumas notas por escrito, explicou o doutor Dave Rosser, diretor-médico do Hospital Queen Elizabeth, em Birmingham, no centro da Inglaterra, para onde a adolescente foi transferida na segunda-feira.
O médico disse que ainda acredita que nada impede a menina de falar, o que deve acontecer quando for retirado o tubo da traqueostomia.
Malala foi baleada em um ônibus escolar no antigo reduto talibã do Vale do Swat na semana passada como punição por defender os direitos das mulheres à educação, em um ataque que revoltou o mundo.
“O estado de Malala Yousufzai nesta manhã é confortável e estável”, informou o hospital em um comunicado. “A família de Malala permanece no Paquistão neste momento”, acrescentou.
A rede de televisão ITV informou que o hospital está tentando fazer com que ela ouça a voz de seu pai pelo telefone, embora ainda não consiga falar. “Sabemos que houve algum dano em seu cérebro, certamente não físico, não houve déficit em termos de função”, disse citando um porta-voz.
Rosser, no entanto, enfatizou que ainda não está claro que Malala se encontra fora de perigo. Segundo ele, a bala entrou no crânio da menina logo acima do olho esquerdo, tocou o cérebro e danificou o lado de sua mandíbula antes de se alojar no ombro. “No entanto, ela está reagindo muito bem. O estado de Malala Yousafzai é estável e ela não está sofrendo”, informou ainda.
Na quinta-feira, ativistas britânicos realizaram uma vigília por Malala. Os participantes exibiam cartazes com a frase “Eu sou Malala”, acenderam velas brancas e colocaram dois buquês de flores brancas e rosas no chão.
Uma integrante do Amina Women’s Group afirmou à imprensa: “A corajosa Malala disse o que muitas de nós gostaríamos de dizer, mas temos muito medo para isso”.
Birmingham tem uma comunidade paquistanesa grande, com cerca de 100.000 membros – um décimo da população da cidade.
O jornal Birmingham Mail afirmou que muitas pessoas na segunda maior cidade da Grã-Bretanha ofereceram suas casas para a família de Malala enquanto ela está sendo tratada.
Mensagens de apoio foram deixadas no site do hospital, a maioria delas elogiando sua campanha e rezando por sua recuperação.
Doações para seu tratamento, que está sendo financiado pelo governo do Paquistão, estão sendo repassadas ao Hospital Queen Elizabeth.
Por fim, uma porta-voz do hospital informou que Malala tinha 15 anos, e não 14, como foi informado anteriormente.
Malala é conhecida no exterior por seu blog, hospedado no site da BBC, no qual denuncia os atos de violência cometidos pelos talibãs no Vale de Swat, onde chegaram a tomar o poder entre 2007 a 2009.
No ano passado, a adolescente recebeu o primeiro Prêmio Nacional da Paz criado pelo governo paquistanês e foi indicada ao prêmio internacional de Crianças para a Paz da fundação Kids Rights.
O Talibã reivindicou a autoria do atentado contra Malala, mas tentou se justificar pelo ato condenado de forma unânime pelos Estados Unidos, França, organizações dos direitos Humanos, governo e imprensa paquistaneses.
“Malala foi alvo por seu papel pioneiro na defesa da laicidade e da chamada moderação”, e-mail escrito por um porta-voz talibã.