CCBB exibe mostra de Antonioni, um dos mestres do cinema moderno

    0
    245
    Divulgação

    Michelangelo Antonioni, um dos mestres do cinema moderno, tem obra completa repassada em mostra no CCBB. De 3 a 29 de maio, a retrospectiva Aventura Antonioni exibe os principais longas do italiano em película, como “Blow-up – Depois Daquele Beijo” (1966) e “Profissão: Repórter” (1975), além de curtas e documentários dirigidos pelo cineasta.

    Apesar da carreira relativamente enxuta, com 16 longas-metragens, Antonioni marcou o cinema mundial produzido após a Segunda Guerra Mundial. Nascido em 1912, na mesma geração que trouxe o neorrealismo, o diretor pavimentou uma estética distinta, amparada na poesia visual e nos redemoinhos internos de seus personagens.

    A programação da mostra percorre toda a produção de Antonioni, desde os primeiros curtas documentais rodados no fim dos anos 1940 aos projetos episódicos ao lado de outros cineastas nas décadas de 1990 e 2000. Entre os curtas, vale destacar alguns trabalhos curiosos, como “Antonioni-Hitchcock: A Imagem em Fuga” (1993), ensaio do cineasta brasileiro Júlio Bressane.

    Solidão, contracultura e fim de carreira
    Antonioni passou a ser considerado um grande diretor quando construiu a chamada trilogia da incomunicabilidade, no início dos anos 1960. A solidão humana num mundo moderno atraente, mas vazio, permeia os longas “A Aventura” (1960), “A Noite” (1961) e “O Eclipse” (1962), todos estrelados pela então mulher do diretor, Monica Vitti.

     

    Vitti ainda protagonizaria “Deserto Rosso – O Dilema de uma Vida” (1964), primeiro filme colorido de Antonioni, antes de uma segunda fase igualmente inventiva na carreira do cineasta. Associado ao produtor Carlo Ponti (ex de Sophia Loren), o italiano firmou um contrato de três filmes com a produtora MGM.

    O primeiro deles, “Blow-up – Depois Daquele Beijo” (1966), tornou-se um ícone pop: trilha do jazzista Herbie Hancock, um intenso debate sobre a impossibilidade da verdade e um jeito libertário de retratar o sexo. Antonioni seguiu adiante com “Zabriskie Point” (1970), espécie de balanço da contracultura, e “Profissão: Repórter” (1975), com Jack Nicholson.

    Entre os dois, dirigiu o documentário “China” (1973), encomenda do governo de Mao que acabou irritando as autoridades do país por rejeitar uma abordagem tradicional. Nos anos 1980, Antonioni rumou por veredas experimentais em “O Mistério de Oberwald” (1980) e esboçou um retorno à década de 1960 em “Identificação de uma Mulher” (1982).

    Os problemas de saúde limitaram a atuação do diretor nos anos seguintes. Dando ênfase a curtas-metragens, participou de dois projetos com outros diretores: “Além das Nuvens” (1995), com Wim Wenders, e “Eros” (2004), ao lado de Steven Soderbergh e Wong Kar-Wai. Antonioni morreu em 30 de julho de 2007, mesma data em que faleceu Ingmar Bergman.

    Aventura Antonioni
    De 3 a 29 de maio, no Centro Cultural Banco do Brasil – CCBB (Setor de Clubes Esportivos Sul, trecho 2, 3108-7600). R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia). Veja a programação completa. A classificação indicativa varia de acordo com os filmes.

    Artigo anterior“Mucuripe”, primeiro sucesso de Belchior, ganhou prêmio em Brasília
    Próximo artigoMostra exibe curtas feitos por moradores do Núcleo Bandeirante