Nova York é uma das cidades mais visitadas do mundo – 62,8 milhões de turistas estiveram por lá em 2017. Além da boa infraestrutura de hotéis e restaurantes, um elemento atrai muito: a constante presença da metrópoles nas telas de cinemas e seriados. Tentando reproduzir esse modelo de sucesso, o Governo do Distrito Federal instituiu, nesta quarta-feira (19/9), a Brasília Film Commission: política de estímulo a filmagens na capital.
A comissão, criada por meio do decreto nº 39.343, publicado no Diário Oficial do DF, tem prazo de 60 dias para começar a funcionar. O plano é ambicioso: estimular produções audiovisuais na cidade.
“Tem um lado de promoção simbólica. Isso traz um bem-estar à população, que se vê representada nas telas. Essas ações também acabam amplificando a cadeia econômica em torno do audiovisual: com geração de empregos e incentivo ao turismo”, explica Sara Rocha, coordenadora de audiovisual da Secretaria de Cultura.
Como o Metrópoles noticiou recentemente, a capital tem sido cenário de diversos filmes e seriados. O Mecanismo, New Life S.A. e O Candidato Honesto 2 são alguns dos exemplos. No entanto, pessoas ligadas ao cinema apontam que a comissão é apenas um passo necessário no ramo das políticas públicas.
Diretor veterano na cidade, Vladmir Carvalho reconhece a importância da Brasília Film Commission, mas cobra investimentos no fomento à produção local. “O ideal seria ter o polo de cinema à disposição. Com um estúdio, por exemplo, você teria realmente a garantia de poder filmar cenas interiores, com cenário fabricado. A Film Commission tem de se conectar a a ideia de um novo polo”, cobra.
Atualmente, está em curso um processo de viabilização da transferência do polo de Sobradinho para área próxima ao Centro Cultural Banco de Brasília (CCBB), com a criação do Parque Audiovisual do DF.
Segundo Sarah Rocha, a Film Commission tem apenas a missão de estimular a produção. “É uma aceleradora de projetos, para simplificar e desburocratizar as filmagens”, diz.
O cineasta Iberê Carvalho (O Último Cine Drive-in) comemorou a iniciativa. “Acabei de filmar em São Paulo e pude ver como a Film Commission de lá funciona. É sempre bom contar com esse auxílio nas questões logísticas quando estamos no processo de gravação. Além disso, ainda vai atrair produções de fora, nacionais e internacionais para cá. Devemos cuidar para que funcione da melhor forma”, comentou.
Promessa de campanha
O decreto que institui a Brasília Film Comission foi publicado um dia após a Secretaria de Cultura ser alvo de investigações por desvios de recursos públicos em contratos com a produtora do Na Praia.
De acordo com a PCDF, a suspeita é de desvio de recursos que deveriam ser usados em projetos sociais por meio da Lei de Incentivo à Cultura.
O tema, inclusive, fazia parte das propostas culturais da campanha de reeleição do governador Rodrigo Rollemberg (PSB). “Ela vai atrair mais filmagens para a cidade, o que significa dinamização de setores de serviços, desburocratização e geração de emprego e renda”, respondeu o socialista ao questionamento da reportagem feito na última semana.
Sara Rocha, no entanto, negou uma antecipação e disse que a Secult trabalhou para criar o dispositivo ainda nesta gestão. “Criou-se um ambiente positivo, graças ao apoio da Unesco e da sociedade civil”, argumenta.
Colaboraram Raquel Martins Ribeiro e Felipe Moraes