Humberto Campana: “Nós somos alquimistas, a gente transforma”

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Humberto Campana e o irmão Fernando compõem a dupla de designers que conquistou o mundo. O trabalho dos Irmãos Campana está presente nas principais coleções nacionais e internacionais.

O artista esteve em Brasília para o lançamento do livro “Pier Luigi Nervi. A Embaixada da Itália em Brasília”. Foi na própria embaixada italiana que ele aceitou o pedido da coluna para um bate-papo sobre sua história, seu trabalho e sua filosofia de vida.

O designer começou a vida profissional como advogado. Depois que se formou na USP, Humberto aceitou uma oferta de emprego em Itabuna, na Bahia, em uma cooperativa de cacau. Foi lá, quando um amigo lhe pediu que fizesse um espelho de conchas que aconteceu a alquimia: ficava para trás o advogado, surgia o designer. Apesar do irmão Fernando ser o arquiteto, foi Humberto que criou a dupla.

“Eu me preocupo muito em ser singular, principalmente em um mundo hoje tão pasteurizado pela rede e pela comunicação rápida. Eu tomo muito cuidado para manter essa essência, para não me deixar levar pela moda, por um modismo, para permanecer sempre atento ao início ao meu caminho”, conta o designer.

Design e Matéria

O designer estabelece um diálogo com materiais. Para ele, tudo sempre nasce do material. Humberto olha a matéria bruta, banal, pela qual ninguém dá nada e cria uma obra-prima, dando uma segunda pele à peça. Assim, a transforma em um objeto de desejo. Os irmão gostam de contar uma história a cada objeto criado.

“Os materiais são como personagens à procura de um autor”, relata Humberto Campana.

Humberto viaja muito aos quatro cantos do globo, e aproveita cada oportunidade para registrar, com o olhar, tudo o que lhe inspira. Ele guarda no ateliê as imagens e os materiais comprados, para depois eventualmente se concretizarem em uma cadeira, um sofá ou um armário. Um exemplo é a famosa série de poltronas de pelúcia.

 

Aproximação com a Itália

Foi no país de Leonardo da Vinci, e não no Brasil, que o trabalho dos Irmãos Campana teve seu primeiro reconhecimento.  Em 1993, o  italiano Gio Ponti publica a primeira matéria sobre a obra dos artistas na revista Domus. A publicação de seis páginas foi um sucesso. Depois da edição, em 1998, Paola Antonelli, curadora do MoMA (Museu de Arte Moderna de Nova Iorque) convidou a dupla para expor no museu.

A empresa de móveis italiana Edra, com sede na Toscana, também em 1998 chamou os irmãos para uma parceria com a marca. Aconteceu uma perfeita sintonia da dupla com a Edra. Nascia ali uma colaboração que existe até hoje. São 21 anos de sucesso juntos.

Instituto Campana 

Humberto é um verdadeiro artista, um homem capaz de uma criatividade admirável. Ele se interessa por todos os tipos de desenhos, de esculturas, de costumes para balé, de joias, sapatos, telas. Ele tem o desejo de deixar um legado e promover sustentabilidade social.

O Instituto Campana foi fundado em 2009, com a missão de preservar a memória de toda a obra dos Irmãos Campana. Humberto conta que foi depois da entrada do curador, Waldick Jatobá, que a instituição começou a tomar forma.

O objetivo do instituto inclui o resgate de técnicas artesanais que estão em vias de desaparecimento, utilizando o design como ferramenta de transformação através de programas sociais e educativos. Também deseja o desenvolvimento da inclusão social e da educação por meio de programas educativos de arte e design, palestras e exposições.

 

 


 

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