A despeito das explicações apresentadas pela Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) sobre a qualidade da água potável, especialistas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) afirmam que há riscos à saúde da população no produto fornecido pela empresa.
“Há uma evidente degradação ambiental dos mananciais que são utilizados para o abastecimento público da região metropolitana do Rio”, afirmaram em comunicado conjunto, divulgado pela Reitoria da universidade. “Essa degradação compromete a qualidade da água, dificulta seu tratamento e pode colocar em risco a população.”
A nota técnica foi elaborada por especialistas em ecologia, recursos hídricos, saneamento e saúde pública a pedido da reitoria da universidade para prestar esclarecimentos à população face aos problemas de odor, sabor e aspecto da água que chega às torneiras.
Para os especialistas, se os recursos hídricos não forem recuperados, os problemas podem se tornar recorrentes.
“A companhia de saneamento é responsável pelo controle de qualidade da água tratada (…) A vigilância da qualidade da água é de responsabilidade do setor da saúde”, frisaram os cientistas. “A população não deve ser responsável por identificar se a água está ou não adequada ao consumo.”
Por conta do problema, muita gente vem optando pelo consumo de água mineral, que já está em falta em vários mercados. É o caso da administradora de empresas Karla Souza. De licença maternidade por causa do nascimento da filha há três semanas, ela deixou de consumir a água da Cedae por conta do cheiro e do gosto. “Até para escovar os dentes é ruim, sinto o cheiro de terra”, afirmou. “Estou comprando água mineral diretamente de distribuidoras porque já está em falta em muitos mercados.”
Para os cientistas, a situação é injusta. “Isso impõe um gasto extra para o consumidor, que deveria ser atendido de forma adequada pela rede de distribuição”, afirmaram.
Nesta quarta-feira (15/01/2020), em entrevista, o presidente da Cedae, Hélio Cabral, pediu desculpas à população do Rio de Janeiro pelos transtornos causados por conta do sabor e do cheiro da água distribuída. Ele garantiu que o problema não voltará a acontecer.
De acordo com Cabral, a partir da semana que vem o reservatório do Guandu terá uma etapa extra de tratamento da água com carvão ativado que retira da água a geosmina – substância orgânica produzida por algas que causa o cheiro e o sabor de terra na água. Segundo a Cedae, ela não faz mal à saúde.
Cabral admitiu, no entanto, que não sabe o que poderia estar causando a turbidez da água que chega à população – a geosmina não provoca turbidez.
“Isso terá que ser investigado caso a caso”, disse. “Pode ser um bicho morto, uma caixa d’água suja.”
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