Desemprego bate recorde com 6.979 postos de trabalho fechados

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Cercado de restrições, comércio é vice-líder em demissões durante a pandemia. Crédito da foto: Fábio Rogério (18/6/2020)

O mês de maio registrou o fechamento de 2.137 empregos formais em Sorocaba, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados na segunda-feira pelo Ministério da Economia. No acumulado do ano na cidade, o saldo entre a abertura e o fechamento de postos de trabalho com carteira assinada foi negativo, de 6.979 empregos a menos.

De acordo com o economista e professor de economia da Universidade de Sorocaba (Uniso), Glauco Freire da Silva, que analisou o comportamento do emprego formal em Sorocaba dos últimos 11 anos (de 2010 a 2020), somente em quatro oportunidades houve mais desligamentos do que demissões no período entre janeiro e maio. Conforme o levantamento com base nos dados do Caged dos cinco primeiros meses do ano, em 2015 o saldo negativo foi de – 2.981 postos de trabalho; em 2016 de -1.712 e em 2017 com -141. “Os números permitem dizer que este é o pior início de ano de toda a série histórica”, considera.

O resultado ainda é reflexo da retração da atividade econômica provocada pela pandemia do novo coronavírus iniciada em março, com o fechamento de 1.437 vagas formais, que encerrou o ciclo de recuperação da economia e se acentuou em abril, quando foi registrado o fechamento de 4.797 postos de trabalho. Segundo Silva, o saldo negativo de maio se deve mais à redução das admissões do que ao desligamento em massa, que teve o seu recorde em março, com 9.417 demissões. “O vale [do gráfico de saldo negativo de empregos formais] foi em abril, quando a atividade econômica ficou paralisada”, diz o economista.

Serviços lideram queda

Em maio, o saldo negativo de empregos formais foi generalizado, mas o setor que liderou o ranking de fechamento de postos de trabalho em Sorocaba foi o de serviços, que contratou 1.380 e demitiu 2.620, gerando um saldo negativo de 790. Em seguida, vem o comércio, que admitiu 690 e desligou 1.185, com saldo negativo de 495.

Apesar de serem os únicos setores que não tiveram as atividades paralisadas por conta do decreto estadual de quarentena para controle da pandemia, a indústria e a construção civil também registraram saldos negativos em maio. A indústria contratou 257 trabalhadores e demitiu 887 no mês, registrando um saldo negativo de 630. Já a construção civil, que no início deste ano aparentava ser o setor que puxaria o crescimento da economia do País, registrou saldo negativo na cidade de 221 postos de trabalho, com 237 contratações ante 887 demissões.

“O saldo negativo de 630 demissões no mês de maio, de acordo com os dados do Caged, é, ainda, reflexo dos primeiros meses da pandemia de Covid-19. Lamentavelmente, no mês de junho deveremos ainda ter dificuldades em termos de empregabilidade. Isso porque há muita instabilidade e imprevisibilidade, até mesmo com a possibilidade de uma segunda onda do vírus”, comenta Erly Domingues de Syllos, diretor titular do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) Sorocaba.

Syllos assinala que os resultados da economia e do emprego formal também se devem às incertezas, já que o comércio de boa parte do Estado de São Paulo, inclusive na região de Sorocaba, está fechado, na fase vermelha do Plano São Paulo. “A Argentina, por exemplo, que é um importante parceiro comercial do Brasil, continua totalmente fechada devido a pandemia e ainda não temos previsibilidade para os próximos meses”, assinala. Segundo o representante do Ciesp, a retomada da produção das montadoras em junho tende a ajudar a cadeia de autopeças instaladas na cidade. “Porém é muito cedo para fazermos uma análise de uma retomada forte em termos de geração de emprego e de retomada econômica, não somente em Sorocaba, como no País como um todo”, complementa o diretor.

Apontada como atividade que puxaria a retomada da economia, indústria também demitiu. Crédito da foto: Divulgação

 

Homens são maioria

Lançado no final de maio, o novo Caged tem como base os dados do Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas (eSocial) e permite analisar o perfil dos empregados e desempregados em uma série de variáveis, como gênero, grau de escolaridade, faixa etária, salários e tempo de emprego. Das 6.979 vagas fechadas em maio, 3.095 são homens e 2.093 são mulheres.

Deste contingente, 51% (3.591) possuem o ensino médio completo. No acumulado do ano, de janeiro a maio, 5.037 trabalhadores com ensino médio completo foram desligados, enquanto 107 com ensino superior foram contratados. Já na análise por faixa etária, o grupo de trabalhadores com idade entre 30 e 39 anos foi o mais afetado (31%), seguido pelos de 40 a 49 anos (21%). A única faixa etária que registrou saldo positivo foi a de até 17 anos, com 391 vagas (5%). (Felipe Shikama)






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