A Confederação Nacional da Indústria (CNI) e outras três entidades divulgaram manifesto conjunto, neste domingo (2/8), em defesa da liberação total dos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Fndct). O texto alerta que R$ 4,6 bilhões que deveriam estar sendo investidos este ano em atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação realizadas por universidades, institutos de pesquisa e empresas, estão retidos nos cofres do governo federal.
O manifesto também foi assinado pela Academia Brasileira de Ciências (ABC), Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei) e Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
O Fndct se tornou a principal fonte de financiamento da ciência, tecnologia e inovação no Brasil. Entre 2004 e 2019, cerca de 11 mil projetos foram financiados por este fundo. No entanto, mais de R$ 25 bilhões – contingenciados aos longo dos anos – estão retidos no Tesouro Nacional.
O órgão alega que as verbas estão paradas “justamente num momento em que o país precisa de investimentos em inovação para superar a pandemia do novo coronavírus”.
Em 2020, há um total arrecadado de cerca de R$ 5,2 bilhões, mas está prevista a liberação de apenas R$ 600 milhões, o que, na avaliação das entidades que subscrevem o manifesto, prejudica o combate à Covid-19 e a recuperação econômica do Brasil.
“A retenção de parte tão expressiva do Fndct implicará para a vida dos brasileiros e para a economia do país perdas e danos pelo seu enorme impacto sobre a ciência brasileira e sobre a competitividade da indústria local”, destaca o manifesto.
As entidades defendem a aprovação do Projeto de Lei Complementar (PLP) nº 135, de 2020, de autoria do senador Izalci Lucas, que propõe a vedação do contingenciamento dos recursos; a transformação do Fndct em fundo de natureza contábil e financeira e a promoção do aporte automático ao fundo dos recursos não utilizados no exercício.
Isso, na prática, permite que os recursos não utilizados em um ano sejam transferidos para o ano seguinte, eliminando, assim, o risco de contingenciamento.
O presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, também enviou carta para todas as lideranças partidárias do Senado alertando para a importância do descontingenciamento de recursos do fundo.
“A CNI, assim como diversas outras entidades da comunidade científica e tecnológica, manifesta seu apoio à aprovação do PLP nº 135, de 2020 e, em virtude da séria crise sanitária e econômica enfrentada pelo país, solicita à Vossa Excelência a subscrição do requerimento de urgência, o que viabilizará a célere apreciação do referido projeto de lei complementar”, destaca na carta o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.
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