Sorocaba continua sendo polo de atração de força de trabalho na região. Para o professor e especialista em estudos urbanos e regionais da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar/Campus Sorocaba), Carlos Henrique Costa da Silva, isso é um dos motivos que explicam o aumento no número de habitantes de Sorocaba ser maior em relação à média nacional.
A população de Sorocaba cresce a índices mais altos do que a média do Estado de São Paulo e do Brasil. “Na verdade, isto é notado desde 1980, o que indica que o município contínua sendo um polo de atração de força de trabalho na região”, destaca o professor.
Carlos Henrique aponta ainda que a história da cidade é marcada pela industrialização precoce e que passou por várias etapas de reestruturação produtiva. “Aliada a localização privilegiada na Macrometrópole Paulista (região que engloba as regiões metropolitanas de São Paulo, Campinas, Baixada Santista, Vale do Paraíba e Sorocaba) que é responsável por 82% do PIB estadual e um setor terciário em expansão, Sorocaba tem uma economia dinâmica que articula diferentes escalas: cidades menores de economia estagnada da região sul do Estado e cidades maiores da Macrometrópole Paulista”, afirma.
O professor ressalta também que desde 2010, a cidade vem recebendo novos investimentos nos setores industriais, serviços e comércio. “Shopping centers, hipermercados e grandes magazines que empregam muitos trabalhadores foram inaugurados neste período; unidades indústrias de diferentes setores somente nos últimos três anos, anunciaram investimentos que geraram aproximadamente 1,3 mil novos empregos”, diz.
Ele acrescenta ainda que o setor de serviços, que é o responsável pela maior parcela do PIB municipal, vai se adaptando às novas demandas da população a partir de investimento de novas tecnologias, sobretudo de informação e comunicação. “Estes motivos apoiam o poder de atração regional que Sorocaba desempenha, aliado a sua excelente estrutura médica e hospitalar no contexto da Região Metropolitana de Sorocaba (RMS).
RMS também é dinâmica
De acordo com os dados do IBGE, as 27 cidades da RMS contabilizam este ano 2.166.860 moradores, um aumento de 1,08% na comparação com 2019. Para o professor Carlos Henrique, os dados da RMS também mostram que ela é dinâmica e que atrai população. Segundo ele, toda a RMS é uma região dinâmica que atrai população, sobretudo trabalhadores para a indústria, ainda que cada vez mais se empregue menos gente, e no comércio e serviços. “Vale ressaltar que a RMS, no contexto da macrometrópole paulista foi a última a apresentar aceleração no seu crescimento. Por exemplo, Campinas e Baixada Santista tiveram índices mais altos de crescimento nos anos 1980 e 1990. Já o Vale do Paraíba cresceu muito entre o final dos anos 1990 e 2000. E agora estas regiões começam a desacelerar, enquanto Sorocaba continua a crescer”, aponta.
Já o professor Paulo Celso, de Geografia Humana da Universidade de Sorocaba (Uniso), destaca que “em uma verdadeira região metropolitana, o problema de um é de todos, e parceiro é quem oferece algo que pode fazer e não aquele que espera o que o outro possa lhe oferecer”. “Crescimento populacional não é problema se vier seguido de aumento da qualidade de vida e, o poder público, ao escutar os grupos fica assustado como qualidade de vida não é algo impossível de ser trabalhado nas políticas públicas, mesmo sabendo que eles mesmos geram a própria demanda”, explica.
Crescer a qualquer custo
“Crescer em quantidade de pessoas nem sempre representa algo positivo”, é o que afirma o professor Paulo Celso. Ele analisou os números recentes divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no último dia 27 de agosto, que apontou que em Sorocaba o aumento no número de moradores foi maior do que a média nacional.
Conforme os dados divulgados pelo IBGE, a estimativa da população em Sorocaba em 2020 é de 687.357 habitantes e mostra um crescimento de 1,17% na população da cidade. O que significa que o município ganhou 7.979 novos moradores. Ainda conforme o órgão, o número de moradores coloca a cidade como a 9ª mais populosa do Estado e a 31ª no país.
Para o professor o crescimento populacional traz implicações em várias áreas, que impactam na qualidade de vida das cidades como necessidade de mais saneamento, água, cultura, saúde, educação, entre outras. “Crescimento populacional quer dizer aumento de pessoas, de humanos e não apenas uma estatística fria de números. Nós temos aqui 687.357 possibilidades, necessidades, algumas iguais como saneamento, água, cultura, saúde, educação – e outras específicas seja por bairros ou por ruas”, diz.
Paulo Celso afirma que políticas públicas contemporâneas e eficientes são aquelas que atendem as pessoas em suas necessidades gerais e específicas, e para isso os seus representantes precisam escutar as pessoas. “Evidentemente, que de maneira organizada, até mesmo ajudando as pessoas a se organizarem e retornando para elas resultados, alterações nos planos, etc”, destaca.
Reação do mercado de trabalho eleva contratações em Sorocaba
A reabertura gradual de estabelecimentos que estavam fechados para impedir a disseminação do novo coronavírus começa a dar os primeiros sinais de recuperação da economia em Sorocaba. Acompanhando o consumo, que tem apresentado melhoras, um dos primeiros reflexos é a retomada do mercado de trabalho.
De acordo com o Posto de Atendimento ao Trabalhador (PAT), somente nos nove primeiros dias de setembro foram feitos 461 encaminhamentos de vaga, 43% a mais do que todo o mês de junho, quando foram realizados 322 encaminhamentos. Em julho, o número de encaminhamentos de vagas foi de 170 e em agosto 706.
Desde que a cidade avançou para a fase Laranja do Plano São Paulo, que liberou a retomada do funcionamento de lojas de rua, escritórios e shoppings, no dia 18 de julho, o PAT de Sorocaba foi responsável pela abertura de 303 novas vagas de emprego. Um aumento de 44,88% na captação de vagas de emprego, se comparado com os três meses anteriores. Os setores com mais ofertas são os de serviços e comércio. Entre as vagas se destacam auxiliar de limpeza; auxiliar de cozinha; atendente de lanchonete.
Presidente da Associação dos Profissionais de Recursos Humanos de Sorocaba (APRH), Cristina Pontes afirma que a sua categoria começou a perceber sinais mais vigorosos de retomada do mercado de trabalho nos últimos 15 dias. “É verídica essa percepção. A gente tem visto uma melhora significativa na questão de oferta e preenchimento de vagas”, comenta.
Ponderando que essa percepção de retomada da economia dinâmica só poderá ser confirmada por meio de pesquisas, como o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério da Economia, Cristina assinala que trata-se de uma mudança na direção da curva de postos de trabalho que vinha registrando fechamento de vagas desde o início da pandemia, no final de março. “Ainda é cedo dizermos que a ‘chavinha’ virou, porque depende muitas variáveis, e de como a economia vai se movimentar daqui pra frente, mas é uma boa notícia depois de tantos meses em estado crítico”, assinala.
Esperança renovada
A história da publicitária Karina de Cassia Xavier Lemes, de 24 anos, é uma espécie de síntese do movimento feito pelo mercado de trabalho diante da desaceleração da economia imposta pela crise decorrente do novo coronavírus.
A jovem havia sido admitida no início de março para reforçar a equipe de atendimento de uma agência de publicidade de Sorocaba, mas na semana seguinte, quando os funcionários migraram para o sistema home office, ela foi comunicada de seu desligamento, já que alguns clientes sinalizavam rever o contrato como forma de reduzir custos.
Desempregada, passou boa parte da quarentena em casa, a fim de proteger os pais e avós e, em parceria com a irmã, começou a fazer pães caseiros para vender. “Tinha perdido as esperanças (na recolocação no mercado formal). Imaginei que ficaria um bom tempo desempregada”.
Há um mês, no entanto, com a retomada gradativa dos contratos da agência de publicidade, ela foi recontratada pela empresa. Ela relata que após essa experiência, passou a valorizar ainda mais o trabalho, “afinal não é só entrar em uma empresa, tem que lutar para se manter e ser melhor a cada dia”, diz.
Coerência nas redes sociais
Profissional da área de recursos humanos com 20 anos de experiência, Cristina Pontes assinala que não existe receita que garanta a recolocação de todos os candidatos ao mercado de trabalho, mas destaca que o atual momento tem sido favorável para que os profissionais consigam se atualizar em suas áreas, estudar mais e desenvolver novas habilidades. “Estar desempregado, a procura de emprego é difícil para todo mundo, mas a diferença está em como as pessoas se comportam neste período”, comenta.
Cristina assinala que a pandemia radicalizou o uso das novas tecnologias no ambiente de trabalho — que agora pode ser em qualquer lugar — , e os profissionais precisam estar atentos e antenados a essas ferramentas. “E mais importante do que dominar as ferramentas, é preciso ter coerência nas redes sociais. Não dá mais para ser uma pessoa dentro do trabalho e outra fora”, complementa, citando que a conduta dos candidatos e profissionais nas redes sociais tem sido cada vez mais analisada por recrutadores e empregadores. (Ana Cláudia Martins e Felipe Shikama)
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