Nunca se ouviu tanto falar de queimadas como nas últimas semanas.
O noticiário dos veículos de comunicação, principalmente as emissoras de TV, que antes tratavam quase que exclusivamente sobre a pandemia do novo coronavírus, causa da maior crise sanitária das últimas décadas, passaram a dividir espaço com as queimadas que afetam várias regiões do País e até no exterior, como é o caso dos incêndios registrados na Califórnia, Estados Unidos.
As queimadas no Pantanal são extremamente preocupantes, pois os números mostram que elas praticamente dobraram em relação ao ano passado.
São milhares de focos de incêndio que ameaçam um dos biomas mais ricos do continente em um período extremamente seco.
Dificuldades de acesso e extensão das queimadas praticamente impedem o combate das chamas em todas as frentes, o que levou governadores da região a pedirem auxílio do Ministério da Justiça e Segurança Pública para o envio da Força Nacional para atuar no combate aos incêndios.
Os prejuízos causados à fauna e à flora são incalculáveis para os estudiosos daquele bioma.
O Pantanal é considerado a maior planície inundável do planeta e mantinha mais de 80% de sua vegetação nativa.
A proporção das queimadas está sendo tão grande que a fumaça atingiu Estados do Sudeste e Sul do País e pode chegar a países vizinhos como a Bolívia.
Situação semelhante ocorre em algumas regiões da Amazônia onde até as Forças Armadas foram mobilizadas.
Não resta dúvida que esses incêndios prejudicam o meio ambiente e até a imagem do Brasil no exterior, mas se de um lado causa comoção na opinião pública, não resulta na mudança de comportamento de muitas pessoas em nossa região.
O resultado é que as autoridades registram um número altíssimo de queimadas em Sorocaba e cidades vizinhas que prejudicam fortemente a qualidade do ar que respiramos e, assim como acontece nas florestas e no Pantanal, também prejudicam o meio ambiente.
Tivemos vários exemplos de queimadas nos últimos dias.
No final de semana passado uma grande queimada atingiu uma área de mata no bairro Genebra, zona rural de Sorocaba.
O fogo teria começado no sábado à noite próximo a uma região onde existem chácaras e o combate as chamas prosseguiu até o domingo.
Áreas próximas a rodovias como Castelo Branco e Raposo Tavares são atingidas por queimadas com frequência.
Em Sorocaba, há uma legislação que pune quem provoca queimadas.
Os responsáveis, caso identificados, têm que pagar multas de acordo com a área afetada.
Essas multas começam em R$ 96,41 para áreas com até 125 m2 e podem chegar a R$ 3.109,94 e áreas superiores a 10 mil m2.
De acordo com a Patrulha Ambiental de Sorocaba, desde o início do ano foram aplicadas 105 multas em proprietários de áreas queimadas, num total de R$ 100 mil.
No ano passado, segundo reportagem publicada neste jornal, foram aplicadas 208 multas, com 98 autuações de janeiro a setembro.
Após uma queimada, a Patrulha Ambiental realiza fiscalização no local, que é fotografado e a área atingida é medida para efeito de elaboração da multa.
Muitas vezes uma queimada começa com pessoas colocando fogo no lixo no quintal de alguma propriedade.
O vento espalha e a situação sai do controle, atingindo áreas de mata ou áreas de pastagem.
A estiagem prolongada deste ano facilita a propagação do fogo no mato seco e muitas vezes ele chega a ameaçar residências, necessitando da intervenção rápida do Corpo de Bombeiros.
Além dos danos ao meio ambiente, à fauna e flora, essas queimadas próximas ou dentro da zona urbana são perigosas, pois também podem atingir instalações industriais, depósitos, além de moradias.
A Prefeitura de Sorocaba informa que anualmente realiza a Campanha de Prevenção e Combate às Queimadas como uma maneira de sensibilizar a população para o problema.
Essa campanha, que se resume a algumas faixas afixadas em diversos pontos da cidade e cartazes colocados em 25 ônibus, além de muito modesta, com poucos recursos, têm-se mostrado ineficiente, visto que o número de queimadas só aumenta.
O ideal seria a criação de um mecanismo ou legislação semelhante ao existente com as multas de trânsito em que todo o dinheiro arrecadado com as infrações seja revertido em benefício de campanhas educativas — mais elaboradas e eficientes — e equipamentos para o combate às chamas, tanto para a Patrulha Ambiental como para o Corpo de Bombeiros.
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