Juliette foi preconceituosa com bissexuais. E eles explicam por quê

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Juliette Freire tem reforçado, diariamente, seu favoritismo no BBB21. A advogada conquistou o público de tal forma que, faltando mais de um mês e meio para o fim da atração, está no topo da lista para se tornar vencedora.

Contudo, não é de agora que fãs do programa tem apontado para a dificuldade que ela tem de entender a bissexualidade. No caso mais recente, ao comentar sobre o beijo que Lucas Penteado deu em Gilberto, ela disse: “Ele não decidia se queria mulher ou homem”.


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A frase demonstra um preconceito comum sofrido pelos bissexuais. Na ânsia de colocar as pessoas em caixinhas, muita gente tende a “compreender” essa sexualidade como uma escolha baseada em uma chavinha indecisa, que fica pulando do desejo pelo sexo masculino para o feminino e vice-versa.

“A comunidade bissexual sofre com os estigmas de ‘confusos’ ou ‘indecisos’ há muito tempo. Temos buscado, através do diálogo, informação e representatividade, legitimar publicamente nossa vivência enquanto bissexuais. Comentários desse tipo, feito pela Juliette, apenas contribuem negativamente pra reforçar esses estereótipos”, afirma a estudante de Serviço Social Giovanna Martins, de 21 anos.

A jovem ainda aponta que, dada a audiência do BBB, tudo lá reverbera com maior alcance. “Na minha leitura, essa concepção pode contribuir para agravar a invisibilidade da comunidade e fomentar a bifobia em diversos espaços, até mesmo na própria comunidade LGBTQIA+“, completa.

Colunista do Metrópoles, André Rochadel criticou o posicionamento quase “maniqueísta” da sister de ver a bissexualidade como dois polos que necessitam de seleção. “O clássico da bifobia: achar que é necessário uma escolha, que ou se gosta de um gênero ou de outro. Ela não questionou instante algum Arthur flertar duas. Não questionou Karol querer Bil e depois querer Rodolffo. Não vê qualquer problema nela já ter tentado com Fiuk, Bil e agora Rodolffo. O que causa incômodo e estranheza nela é uma pessoa querer uma mulher e, uma semana depois, querer um homem. Ela não tem que questionar nada disso”, afirmou.

Um ponto questionado nas redes sociais foi o tratamento que Lumena e Juliette receberam em relação à bifobia. A psicóloga colecionou duras críticas por ter tentado invalidar a sexualidade de Lucas Penteado. Por outro lado, o público parece ter sido mais conivente quando a paraibana também demonstrou suas limitações quanto ao tema.

“O público tem uma tendência a escolher heróis e heroínas. Juliette, por boa parte do BBB, fez por merecer o status de heroína. Mas acho também que, em muitas ações dela, a galera passa um paninho se comparado a outros participantes”, opina o estudante de engenharia florestal Gabriel Lima. Giovanna reforça essa tendência à criação de vilões e mocinhos, acrescentando: “Além disso, pautas bissexuais também tendem a receber menos atenção nos espaços”. Mesmo assim, a equipe de Juliette não se furtou a comentar a questão.

Como ela pode aprender mais

No Twitter, eles reforçaram que o aprendizado é um processo constante e isso não seria diferente para ela. “Juliette não é 100% desconstruída e com certeza vai ter falas discutíveis dentro do BBB. A gente não vai passar a mão na cabeça dela sempre, e nos comprometemos a, de verdade, mostrar os pontos em que cabe a ela estudar, aprender e evoluir”, escreveram. E, se é assim, o que ela pode aprender?

“Ela precisa fazer algo que não faz, embora diga sempre que sim: ouvir. Juliette não aceita contraditório, é da postura dela. Sempre que ouviu uma opinião oposta descartou, até quando concorda com o direito do outro dizer algo, continua se achando correta. Já há um vídeo dela caçoando o próprio irmão dizendo que ele não é bi, mas sim gay. O primeiro passo é fechar a boca (algo bem difícil pra ela) e ouvir. Aceitar a existência da bissexualidade, que ela não aceita; aceitar que a bissexualidade não segue a regras que ela acha que deve seguir e, por ultimo, internalizar isso”, garante Rochadel.

Saber escutar é também o conselho de Giovanna. “É muito simples. Na verdade, se trata de escutar com sinceridade, estar aberto ao diálogo e não invalidar sentimentos alheios. Dúvidas existem e isso não precisa ser necessariamente um problema, a questão é que na maioria das vezes as pessoas abordam com pré-julgamentos e malícia, isso dificulta o diálogo honesto”, explica.

Gabriel faz coro à recomendação: “Quando ela fala sobre decisão, coloca uma pessoa bissexual como indeciso e ser bissexual já é a decisão. Não é obrigação escolher um lado se eu tenho preferência pelos dois. Ela precisa entender que a fluidez de escolhas afetivas acontece com boa parte da sociedade, e isso só se aprende tendo contato e escutando pessoas bissexuais ou pansexuais, saindo da casinha de ter que escolher”, finaliza.

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