O Museu Nacional, cujo prédio e parte do acervo foram parcialmente destruídos por um incêndio em setembro de 2018, poderá se tornar um centro turístico dedicado à família imperial. A ideia é um dos temas discutidos pelo governo federal e entusiastas da monarquia, segundo aponta o jornal Folha de S.Paulo.
Com um perfil acadêmico e cientifico, o Museu Nacional também tem papel importante para pesquisas nas áreas como antropologia social, arqueologia, zoologia e botânica. O espaço ainda é ligado à Universidade Federal do Rio de Janeiro, a UFRJ, desde a década de 1930.
A ideia tem como entusiasta o ministro Ernesto Araújo, das Relações Exteriores. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e o Ministério do Turismo têm participado de articulações junto ao Ministério da Educação. O deputado Luiz Philippe de Orléans e Bragança (PSL), descendente da família real brasileira, também é um dos impulsionadores.
A ideia do grupo monarquista é que o palácio de São Cristovão, antiga residência dos monarcas Pedro I e II, seja reconfigurado para abrigar um centro dedicado ao Brasil imperial. O argumento é que a reconfiguração teria apelo turístico e preservaria a memória histórica do país. O acervo científico do museu seria destinado a um anexo da propriedade.
O ministério das Relações Exteriores afirmou que o chanceler teve encontro recente com o deputado Luiz Philippe de Orléans e Bragança. “Foram exploradas iniciativas de cooperação internacional na área de patrimônio, incluindo projetos de valorização do Museu Nacional”.
O deputado Orléans e Bragança disse ainda que o edifício do museu perdeu suas referências históricas e que o objetivo da proposta é valorizar o passado do país.
“Ao invés de expor, de se tornar um ambiente publico para valorizar a história brasileira —a nossa história nesse território— passou a valorizar um cometa, um meteorito, pedras de descobrimento arqueológico. Nada contra isso”, disse. Ele também afirma que a “missão principal” do imóvel deveria ser “representar a história do Brasil”.
O jornal ainda aponta que as operações dos monarquistas ocorrem sem a ciência da universidade ou da diretoria do museu.
Golpe
“Essa ideia é uma das mais estapafúrdias que já ouvi, nunca vi mais absurdo e ridículo. Seria matar o museu mais uma vez”, disse o diretor do museu, Alexander Kellner. “Aquele palácio sempre foi museu de história natural”, completou.
Já a reitora da UFRJ, Denise Pires de Carvalho, afirmou a movimentação “parece um golpe”. “Não acredito que o MEC vá tomar uma iniciativa de enfraquecer a érea de antropologia social, arqueologia, zoologia, botânica, sem que a universidade seja avisada”, disse.
“Há pós-graduações envolvidas de excelente nível, não é uma instituição estanque da academia, é importante para a universidade e também para o museu que ele permaneça aqui.”
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