A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) prendeu nesta terça-feira (3/8) uma agente da própria instituição pelo crime de stalking a um antigo namorado. Segundo consta no processo que corre no Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT), o homem chegou a receber 98 ligações no mesmo dia, além de receber diversas ameaças.
Em uma das oportunidades, a policial teria mantido o homem por cerca de 8 horas em cárcere privado, sem autorizá-lo a usar telefone celular, além de fazer diversas ameaças. Para conseguir falar com a vítima, a agente teria utilizado da sua posição para convencer o porteiro a ter autorização para ir até a porta do apartamento.
A situação só teria sido contornada, de acordo com o processo, depois de a vítima concordar em sair com a agente para almoçar no dia seguinte.
Na mesma semana, após nova tentativa de término, a mulher passou a ligar para o ex-companheiro de maneira insistente. Foram pelo menos 30 ligações do número de celular da policial e mais de 60 realizadas por números privados.
A policial ainda ligou para o local de trabalho do homem onde por duas vezes conseguiu falar com o chefe dele ao dizer que era agente da PCDF. Na primeira vez, o superior da vítima chegou a dar informações, mas após ser alertado sobre o que se tratava, passou a ignorar os contatos.
Cobrando um dinheiro devido, ela faz nova ameaça: “Você vai me dar o dinheiro e você vai retirar, você vai na delegacia hoje para falar que isso é mentira, senão você está ferrado, você, a sua família, o seu trabalho. Se prepara, você não sabe com quem você está mexendo.”
Ao se defender, a acusada disse que foi à casa da vítima apenas para buscar um computador e que apresentou identidade funcional ao porteiro do prédio apenas porque era o único que portava no momento. Já sobre as dezenas de ligações, ela disse que tinham como finalidade fazer com que fosse pago o valor de um almoço e jantar.
Este não é o único ex-companheiro da policial que precisou ir à delegacia. Já neste ano, a mulher tirou a arma da cintura durante uma discussão dentro do carro, segundo o companheiro, após ela dar a entender que queria se suicidar. Em depoimento, no entanto, a agente alegou que apenas realizou o movimento pois o artefato incomodava.
Em 2019, ela também foi presa por desacato por xingar policiais militares que foram até a festa onde estava apurar denúncia de que a policial fazia ameaças com arma de fogo contra os frequentadores do local.
Atualmente, a agente se encontra afastada por licença médica e está com o porte de arma restrito. A reportagem não localizou a defesa dela para comentar o caso. O espaço permanece aberto.