Chefes em mansões e soldados miseráveis. Como age a nova cúpula do PCC

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Mansões erguidas em condomínios sofisticados, carrões importados, joias e muita mordomia. O poder financeiro e a opulência ostentados pela cúpula da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) contrasta com a realidade miserável dos chamados soldados da linha de frente da organização.

Após o ex-líder do PCC, Marcos Herbas Camacho, o Marcola, perder influência e ter aliados executados pela própria facção, novos chefões tomaram o poder e não se sentem confortáveis em elaborar mirabolantes planos para tentar resgatar o antigo mandatário.

Enquanto isso, os novos figurões da organização e seus familiares desfrutam do conforto que o dinheiro amealhado com o tráfico de drogas pode proporcionar. Quase todo o poder financeiro da facção é controlado por Marcos Roberto de Almeida, 51 anos, o Tuta; e Valdeci Alves dos Santos, 50, conhecido como Colorido. Em contrapartida, o baixo clero da facção não tem regalia alguma e seus membros são ameaçados de morte caso não cumpram as ordens dos patrões.

Sufoco financeiro

Investigações conduzidas pela Polícia Civil de vários estados e também pela Polícia Federal já apontaram que a chave para enfraquecer o PCC é esvaziar o bolso dos seus líderes. O caminho mais curto seria identificar e neutralizar a movimentação financeira promovida pelas mulheres dos chefões, as chamadas “primeiras-damas”.

As autoridades buscam a descapitalização patrimonial e a prisão de lideranças. Somente seguindo essa toada, percorrendo esse caminho, seria possível enfraquecer a organização criminosa. Segundo policiais ouvidos pela reportagem, as “primeiras-damas” têm patrimônio milionário, como imóveis e carros de luxo, mas não teriam como justificar os bens.

Apurações policiais já demonstraram que o PCC costuma utilizar postos de combustível para lavagem de dinheiro. Lojas de veículos usados e a compra de imóveis também fazem parte do cardápio para a ocultação de patrimônio, sempre colocados em nome de laranjas.

Novos líderes

Marcos Roberto Almeida, conhecido como Tuta, é apontado pelo Ministério Público de São Paulo como um dos novos líderes do PCC. As investigações indicam que ele seria o responsável pelo tráfico internacional de drogas do grupo. O traficante responde a um processo por associação à organização criminosa e lavagem de dinheiro. Tuta teria feito parte de um esquema que movimentou cerca de R$ 1 bilhão entre janeiro de 2018 e julho de 2019.

Já Valdeci Alves dos Santos tem coordenado a logística no tráfico internacional de entorpecentes da facção criminosa da Bolívia para o Brasil. Réu por uma série de crimes, como associação a organização criminosa e lavagem de dinheiro, o chefão do PCC está listado na relação de bandidos mais procurados do Brasil pelo Ministério da Justiça e, assim como o “sócio” Tuta, é suspeito de lavar R$ 1 bilhão.

Desse total de R$ 1 bilhão movimentado pelo bando com apoio de Valdeci, apenas R$ 200 milhões passaram pelo sistema financeiro em contas bancárias de laranjas e empresas fantasmas. Os valores seriam movimentados de forma fracionada, em compartimentos secretos de veículos e ocultando os recursos em casas-cofres.

 

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