Doença silenciosa: 486 pessoas tiveram surto psicótico no DF em 3 anos

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Nos últimos três anos, no Distrito Federal, pelo menos 486 pessoas foram internadas por transtornos psicóticos agudos e transitórios. Os dados são da Secretaria de Saúde. Só nos primeiros dois meses de 2022, foram 36 ocorrências.

Em 2021, foram 150 casos registrados e, em 2020, 128. Em 2019, o número chegou a 208. Esses transtornos são caracterizados pela ocorrência aguda de sintomas psicóticos, tais como ideias delirantes, alucinações, perturbações das percepções e por uma desorganização do comportamento normal.

A unidade de referência para o acompanhamento desses pacientes no DF é o Hospital São Vicente de Paula, localizado em Taguatinga, e especializado em saúde mental.

Uma das pessoas que precisou desse tipo de atendimento foi Sandra Mara Fernandes, 34 anos, a mulher que, durante um surto, manteve relações sexuais com Givaldo Alves, 31, até então morador em situação de rua. O caso ocorreu em Planaltina.

Após 23 dias, Sandra foi liberada do Hospital Universitário de Brasília (HUB) onde ficou na área psiquiátrica e descobriu a condição de transtorno bipolar afetivo. Atualmente, nas redes sociais, ela fala sobre a doença.

Outros casos

Em janeiro do ano passado, um homem de identidade não revelada foi visto nu sobre uma viatura da Polícia Militar do DF (PMDF). Segundo a corporação, ele estava em surto psicótico. Ele foi acalmado e tirado de cima da viatura.

Neste ano, em janeiro, uma outra ocorrência de surto chamou a atenção. Um homem de 39 anos se trancou na casa do pai, 78, na Asa Sul, se armou com uma faca de cozinha e ameaçou matá-lo. A situação foi controlada sem feridos. A irmã do autor, informou, na época, que ele era dependente químico, vinha de um ciclo de internações em clínicas psiquiátricas e seria levado para um novo local.

Cuidados

O psiquiatra e professor de medicina da Universidade de Brasília (UnB), Leonardo Sodré, afirma que os “surtos” psicóticos, geralmente, são sintomas mais graves de outras doenças mentais que não foram tratadas corretamente.

“Para identificar os primeiros sintomas de uma doença ou condição mental, os familiares ou amigos devem estar atentos a comportamentos da pessoa que não eram comuns meses antes. Existem fatores de risco para o surgimento dessas condições como: histórico familiar e abuso de substâncias como drogas, por exemplo. Se algumas desordem foram identificadas é importante buscar tratamento, pois, quanto antes o acompanhamento começar, menos traumas o cérebro vai sofrer e a doença vai ficar controlada”, explica.

Para que outras pessoas entendam como funciona um transtorno psicótico, Sodré compara com sonhos. “Um sonho que parece real, só que a pessoa está acordada. O paciente pode enxergar divindades, se sentir grandioso e hipersexualizado, por exemplo”, diz.

O especialista comenta que as internações ocorrem apenas em casos graves, quando o paciente oferece risco de vida para si ou outros, ou está exposto financeiramente e moralmente. “É o último recurso e usado quando necessário para que a pessoa se estabilize e, então, seja liberada”, completa.

Atendimento

Atualmente, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência do DF (Samu-DF) tem um Serviço de Saúde Mental, que teve início em 2013, atendendo de forma restrita a dias e horários comerciais. Desde 2016, o serviço passou a ser prestado 24 horas.

O acionamento inicia sempre pela Central de Regulação, pelo telefone 192. Por ano, estima-se que sejam feitos cerca de 7 mil atendimentos de saúde mental.

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