Para Ministério Público, Marcelo Damasceno Barroso ‘assumiu risco de matar’ Ricardo Aragão, de 58 anos. Crime foi em 10 de outubro de 2020.
A Justiça do Distrito Federal aceitou, nesta segunda-feira (16), a denúncia do Ministério Público (MPDFT) contra Marcelo Damasceno Barroso, de 36 anos, por homicídio qualificado. Para os promotores, o motorista assumiu o risco de matar o ciclista Ricardo Aragão, de 58 anos.
O crime ocorreu na Asa Norte, em Brasília, no dia 10 de outubro de 2020. Aragão pedalava com uma amiga, na altura da quadra 703. Após atropelar os dois ciclistas, Marcelo Barroso – que não chegou a ser preso – fugiu do local e só se apresentou à polícia 11 dias depois do crime (saiba mais abaixo).
Câmeras de segurança flagraram os ciclistas pedalando e, em seguida, o carro de Marcelo passando em alta velocidade A defesa de Marcelo Barroso disse que não irá se pronunciar.
Marcelo vai responder ainda por tentativa de homicídio, uma vez que a psicóloga Nadia Bittencourt, que estava com Ricardo Aragão, também teve ferimentos. Para o MP, Nadia só não morreu por “circunstâncias alheias à vontade do acusado”.
Segundo o inquérito policial, o motorista estava entre 106 e 151 km/h – em uma via onde o máximo permitido é de 50 km por hora – e também havia ingerido bebida alcoólica. O resultado da investigação foi divulgado em março passado.
Segundo a polícia, antes de atropelar os ciclistas, Marcelo esteve em um bar, na 204 Sul, onde consumiu vários drinks feitos com gin e vodka. A conta, de R$ 353, foi paga às 20h15 e o atropelamento ocorreu por volta das 22h.
Relato de testemunhas e carro escondido
Peça do para-choque do carro suspeito encontrado na cena do atropelamento de ciclista, na Asa Norte, encaixa no veículo suspeito — Foto: PCDF/Divulgação
Segundo testemunhas, na hora do atropelamento, “o motorista derivou o automóvel para a faixa da direita e atropelou os ciclistas, que pedalavam próximo à calçada e, depois da colisão, voltou pra a faixa em que vinha antes, sem reduzir a velocidade”.
Em seguida, conforme a denúncia, Marcelo Damasceno Barbosa escondeu o carro na garagem do prédio onde a mãe mora, na 104 Norte, e foi à pé pra casa, na 703 norte, onde recebeu uma pizza poucos minutos depois. No inquérito policial, aparecem as imagens do motorista entrando com o carro, com o para-brisa danificado, na garagem do prédio da mãe e, depois, saindo à pé para receber uma pizza, na porta da casa dele.
Ao concluir o inquérito, o delegado-chefe da 2ª Delegacia de Polícia, João Guilherme Medeiros de Carvalho, informou que foi comprovado que:
- Marcelo consumiu bebida alcoólica antes do crime;
- Não houve frenagem do carro;
- O carro estava entre 106 km/h e 151 km/h, acima da velocidade da via;
- Houve omissão de socorro;
- Não houve acionamento de terceiros após o acidente;
- Houve ocultação de veículos envolvidos no crime.
Relembre o caso
Bicicleta de ciclista atropelado na Asa Norte, em Brasília — Foto: Corpo de Bombeiros do DF/ Reprodução
O atropelamento aconteceu na altura da quadra 703, perto do Colégio Militar de Brasília, por volta das 22h, de 10 de outubro de 2020. O Corpo de Bombeiros tentou reanimar o ciclista Ricardo Aragão por cerca de 40 minutos, no entanto, ele não resistiu aos ferimentos provocados pelo impacto da batida.
Após atropelar Ricardo e a amiga dele, Nadia Bittencourt, Marcelo Damasceno Barroso fugiu do local. A polícia chegou até ele depois de encontrar um pedaço do para-choque do carro no local do atropelamento.
Passados 11 dias do crime, Marcelo se apresentou na delegacia com três advogados. Ele não ficou preso porque não havia mais flagrante.