Uma rotina diária de terror, violência e tortura marcou para sempre a vida da mulher de 60 anos que passou quatro décadas sofrendo as mais variadas agressões cometidas pelo marido, um coronel aposentado da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), de 76 anos. Mesmo grávida, a vítima sofreu espancamentos e ameaças de morte, quando ainda esperava o primeiro dos dois filhos que teve.
O espancamento ocorreu quando a mulher tinha pouco mais de 20 anos e morava com o marido ainda no Rio Grande do Sul. Sem nenhum apoio emocional, a única alternativa da vítima era torcer para sobreviver ao massacre físico. Na ocasião, a vítima foi agredida e apontada pelo militar como a responsável pela surra.
Quarenta anos depois e idoso, o oficial da reserva manteve a mulher sob o domínio do medo. A violência assumiu tons ainda mais mordazes. O agressor começou a dar sinais de demência e fica vários dias sem tomar banho, além de se recusar a se submeter a tratamentos. Culpando a esposa por seus infortúnios, diz que antes de morrer de velhice, a mataria.
Pedido de ajuda
Apenas 40 anos depois, a mulher procurou a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) para denunciar as agressões cometidas pelo marido. Ela relatou rotina de pânico e violência na casa da família, na Colônia Agrícola Samambaia. A pedido da vítima, que tem filhos com o acusado, os nomes dos envolvidos serão preservados.
A ocorrência foi registrada no último domingo (22/5), na 38ª Delegacia de Polícia (Vicente Pires), que apura os fatos. A mulher conta que, ao longo dos 40 anos de matrimônio, foi espancada, humilhada e proibida de trabalhar. Alertou os policiais que, por ser coronel da PM, o companheiro está sempre armado.
Numa tentativa de se salvar, a vítima chegou a procurar abrigo na casa do filho. Entretanto, ela conta que o PM segue com ameaças e foi alertada por familiares de se esconder. Desesperada, a mulher pediu medidas protetivas de urgência e solicitou a apreensão da arma do policial aposentado. Em decisão assinada na última segunda-feira (23/5), o juiz Carlos Bismarck de Azevedo Barbosa concedeu a medida protetiva e determinou a apreensão da arma de fogo.
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