A menos de 100 dias das eleições, o presidente Jair Bolsonaro (PL) deu um novo passo na campanha pela reeleição ao Palácio do Planalto. Orientado pelo núcleo de campanha – coordenado por Flávio Bolsonaro (PL-RJ) –, o atual mandatário da República retomou o contato com antigos aliados. A avaliação do grupo é que a reaproximação estratégica pode ter grande influência no resultado do pleito de outubro deste ano.
Um dos nomes com que Bolsonaro se reaproximou foi o de Fabio Wajngarten, que retornou ao ciclo mais próximo do presidente mais de um ano após deixar o governo. Segundo relatos, ele passou a atuar na relação do presidente com os meios de comunicação, a exemplo do que fez na campanha de 2018.
Wajngarten deixou o ministério em março do ano passado. O Palácio do Planalto ainda discute se o ex-secretário retornará como assessor da Presidência ou da campanha. O caminho mais provável é que Wajngarten volte como assessor palaciano, o que facilitaria o acesso direto dele a Bolsonaro, sobretudo nas viagens presidenciais.
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Comunicação dividida
Além do ex-secretário, outros três nomes também ficam responsáveis pela comunicação da campanha: Duda Lima, Sérgio Lima e Carlos Bolsonaro. A quantidade de “palpiteiros” provocou uma falta de sintonia na campanha (entenda mais abaixo).
Duda Lima é marqueteiro e presta serviço ao PL, partido de Bolsonaro, há 20 anos. Ele foi convocado para a campanha de reeleição no ano passado pelo presidente do partido, Valdemar Costa Neto. O marqueteiro é responsável pelas inserções partidárias que são veiculadas em meios de comunicação, como rádio e televisão.
Já Sérgio Lima é um antigo aliado de Bolsonaro e foi um dos responsáveis por tentar tirar do papel a criação do partido “Aliança Pelo Brasil” – legenda idealizada por Bolsonaro, mas que acabou não vingando por falta de assinaturas. Ele já trabalhou na campanha do deputado General Peternelli (União-SP).
O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) é contra o trabalho de Duda e Sérgio Lima. O filho do presidente, que comanda as redes sociais do pai desde 2018, defende que Bolsonaro não use as ferramentas tradicionais de campanha, como tempo de rádio e televisão, e recursos partidários. Por várias vezes, Jair Bolsonaro já disse que sua vitória nas eleições passadas ocorreu graças ao filho.
Outros nomes
O empresário José Trabulo Júnior foi escalado pelo ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI) – que integra o núcleo de campanha do presidente –, para coordenar a parte operacional e de infraestrutura no comitê de Bolsonaro. Ele já coordenou as campanhas de ministro e é conhecido nos bastidores da política do Piauí como “puxa-saco profissional” de Nogueira.
A área jurídica da campanha de reeleição de Bolsonaro fica a cargo de Tarcísio Vieira de Carvalho Neto, ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e da advogada Caroline Maria Lacerda. É a dupla que define o “timing” de certas medidas eleitoreiras para evitar questionamentos junto à Justiça Eleitoral.
O ex-ministro Walter Braga Netto, cotado para ser vice na chapa de Bolsonaro, tem tido sua imagem usada para deixar o presidente próximo da ala militar. Na campanha, ele também é responsável pela elaboração do plano de governo.
O general, no entanto, perdeu força no entorno bolsononarista do presidente nas últimas semanas. O nome da ex-ministra Tereza Cristina voltou a ser ventilado para o posto de vice. Como o próprio Bolsonaro já disse em diversas ocasiões, o nome do seu aliado (ou aliada) de chapa será definido no prazo limite, que se encerra em 15 de agosto, conforme determina a legislação eleitoral.
Falta de sintonia
Atualmente, há ao menos quatro grupos trabalhando para que Bolsonaro siga na Presidência da República: o bunker digital do Planalto; o núcleo de campanha e marqueteiros partidários; a Secretaria de Comunicação da Presidência; e os responsáveis pelas redes sociais de Bolsonaro.
Eles, porém, não estão unificados, e brigam por destaque. Somado a isso, o presidente Jair Bolsonaro ainda faz declarações consideradas por aliados como “problemáticas”, pois podem afastar eleitores mais moderados, com potencial para fazê-lo vencer o pleito de outubro.
Interlocutores já dizem que a “falta de sintonia” faz com que a campanha de Bolsonaro não tenha um “norte”, o que acaba por prejudicar a imagem do presidente, como vem sendo mostrado nas recentes pesquisas eleitorais, que apontam ampla vantagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas intenções de voto.
O núcleo de reeleição do chefe do Executivo federal argumenta que a falta de alinhamento só prejudica Bolsonaro, e insiste em centralizar a campanha. Nenhum lado, no entanto, aceitou ceder até o momento.
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