Endocrinologista explica como a melatonina sintética age na pele

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A melatonina é um hormônio produzido na glândula pineal e atua principalmente como um regulador do sono. Sabe-se que os níveis endógenos de melatonina diminuem com a idade, por isso, é importantíssimo ter uma boa noite de sono. Além disso, atua como antioxidante e é um grande aliado da pele e cabelos saudáveis.

Ela pode ser encontrada em alimentos e bebidas ricas em triptofano — um aminoácido essencial para produção de serotonina e melatonina — como frutas, carnes, cereais, leite de vaca e vinho. Porém, a endocrinologista Daniela de Paiva Rosa Amaral explica que não há evidências científicas que alimentos ricos em triptofano aumentem os níveis sanguíneos de melatonina ou que ajudem no tratamento da insônia.

A grande novidade é que o hormônio pode ser produzido sinteticamente em laboratório e está sendo comercializado em larga escala mundial. Em alguns países, como nos Estados Unidos, e recentemente no Brasil, é vendido como suplemento alimentar. Em conversa com a coluna Claudia Meireles, Daniela de Paiva esclarece algumas dúvidas, benefícios e riscos para a saúde.

Daniela de Paiva fala sobre a melatonina sintética
Ação no organismo

A melatonina está intimamente relacionada ao controle do ritmo circadiano (ciclo sono-vigília ou o chamado “relógio biológico”), e isso depende da regularidade da sua produção diária. Ela prepara o corpo para exercer as funções noturnas, entre elas o sono, e desempenha um papel crítico na definição de quando vamos adormecer e quando vamos acordar. Outras funções importantes podem ser notadas no corpo.

“Ela tem ações imediatas durante à noite, e age de forma prospectiva ao longo do dia. Atua, centralmente e perifericamente, em quase todos os níveis no sistemas fisiológicos. Por exemplo, o sistema nervoso central (SNC), o cardiovascular (SCV), o imunológico, endócrino, reprodutivo, respiratório e ossos”, explica a médica.

A melatonina está intimamente relacionada ao controle do ritmo circadiano

É justamente no distúrbio do ritmo circadiano que o uso terapêutico da melatonina sintética é usado. Mas é necessário ficar atento e ter acompanhamento de um especialista, pois estudos recentes apresentam resultados contraditórios.

“Esse fato se deve porque nem todo tipo de insônia responde ao tratamento com o hormônio do sono e nem toda insônia é provocada por uma deficiência na produção de melatonina”, afirma Daniela de Paiva, endocrinologista na clínica Allere.

Riscos e contraindicações

A melatonina sintética deve ser prescrita, orientada e acompanhado por médico especializado e de forma individualizada, de acordo com o efeito desejado.

“Um fato que chama atenção e preocupa a comunidade científica é a melatonina sendo vendida como suplemento alimentar e não como medicamento. A fiscalização pelas agências regulatórias é muito menos rigorosa, sendo muito mais passível de conter doses diferentes do que as listadas nos rótulos, bem como ter adição de substâncias de forma oculta na fórmula, além de falsas propagandas em relação aos seus reais benefícios”

Daniela de Paiva – médica endocrinologista

Frutas, carnes, cereais, leite de vaca e vinho estão entre os alimentos ricos em triptofano

A fórmula é contraindicada para indivíduos com histórico de alergia a algum componente da formulação, gestantes, lactantes, crianças e adolescentes (até os 18 anos) e pessoas em atividades laborais que requerem atenção constante.

A profissional da saúde afirma que há poucos efeitos colaterais descritos na literatura a curto prazo sobre ingerir a melatonina sintética. De maneira geral, são considerados seguros. A maioria dos problemas surgem pela utilização de doses elevadas ou em horários inapropriados.

A melatonina é uma grande aliada da pele e cabelos saudáveis
Em quais casos a melatonina sintética funciona

Trabalhadores noturnos, portadores de deficiências visuais, insônia primária em idosos, transtorno da fase de sono-vigília atrasada (em que paciente demora muito para dormir e no dia seguinte tem dificuldade de acordar e ser produtivo na parte da manhã) são alguns exemplos que estudos mostraram que a melatonina sintética funciona melhor. Além de pacientes com distúrbio do sono associados a doenças neurodegenerativas e no ritmo circadiano, como jet lag.

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