Drags no Distrito Federal: pesquisa mostra quem se dedica à arte

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A caminhada da arte drag no Distrito Federal, bem como em todo Brasil, teve que superar o preconceito e desconfiança da sociedade até ser reconhecida. Iniciando um processo de estabilização nas cidades do Quadradinho, as artistas drag queens e drag kings ainda sofrem com a precarização e o afastamento do centro cultural na capital da República.

Segundo o mapeamento feito pelo Distrito Drag e pelo Instituto LGBT+, a expressão drag no DF é feita por artistas que, em sua maioria, vivem fora do Plano Piloto e de regiões populares da capital. O objetivo é fornecer instrumentos capazes de movimentar a cena LGBTQIA+.

A drag queen Rojava, da diretoria do Distrito Drag, falou sobre a iniciativa. “Essa pesquisa é muito importante para mostrar a força da arte transformista no DF e, a partir disso, construir indicadores para políticas públicas de cultura voltadas para a nossa comunidade”, explica.

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Luta por reconhecimento

A drag queen Raykka Rica faz parte do coletivo Distrito Drag e performa há mais de cinco anos. Nascida e criada no Distrito Federal, tinha contato com as drags por meio da televisão, acompanhando Vera Verão, mas só entendeu o trabalho como arte depois de mais velha. Agora, busca por condições melhores para artistas, bem como divulgar a importância da expressão artística.

“Queremos mostrar que a arte drag é uma forma de se expressar e também é um ato político. Existem artistas que cantam, outros que dançam, os que fazem maquiagem e também os que não fazem nada. São várias nuances. Estamos ressignificando a arte e divulgando essa cultura para mostrar o quanto ela precisa ser valorizada. Conseguimos mudanças pequenas, que são apenas o começo de um trabalho. Vamos em busca de coisas maiores e melhores para nós”, declara.

Além das questões trabalhistas, a luta é também por mais espaço e menos preconceito. A construção de uma comunidade com necessidade liberdade de expressão, de acolhimento e que tenta superar violências impostas pela sociedade é fator importante para os artistas, como conta a drag queen Bopety.

“Tenho um lado feminino muito forte, muito aflorado, que, durante a minha vida, guardei. Eu tentava me afirmar mais com meu lado masculino e senti a necessidade de ser feminino, porque faz parte de mim. Isso me faz sentir bem e completo”, afirma.

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Valorização do trabalho

De acordo com o estudo, apenas 10% dos artistas conseguem viver exclusivamente da atuação como drag. O valor médio do cachê por apresentação varia entre R$ 150 e R$ 400, o que dificulta a autonomia de sustento.

Segundo o coordenador do estudo, Rodolfo Godoi, do Instituto LGBT+, a luta por melhores condições de trabalho é essencial. “Estamos falando de uma atividade precarizada, que exige muito tempo gasto para se maquiar, para se montar e que demanda muito investimento porque o custo é alto. Porém os cachês não cobrem esses custos”, avalia Rodolfo.

De acordo com os dados coletados, as profissões desempenhadas por drags como primeira fonte de renda é variada. Professor, assessor parlamentar, advogado, bartender, cabeleireiro, maquiador, designer, estilista, fotógrafo, jornalista, museólogo, pedagogo, produtor cultural, publicitário, radialista e técnico em enfermagem foram algumas das citadas.

A obra Pesquisa de Mapeamento de Artistas Transformistas no Distrito Federal e Entorno conta com fomento da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do DF. O estudo, que também conta com depoimentos emocionantes das drags, está disponível para download (baixe o conteúdo aqui).

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