No dia 29 de julho de 2021, a paulistana Mônica Andersen, na época com 47 anos, realizou o maior sonho de sua vida. Segurou a primeira filha nos braços. Laura nasceu saudável, com 49 cm e quase 3 quilos.
Mônica, que é professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), passou por vários obstáculos até o nascimento da filha. Após tentar engravidar de forma natural sem sucesso, descobriu que tinha dez miomas no útero. “A médica sugeriu que eu cuidasse disso e depois tentasse engravidar por meio de reprodução assistida”, conta.
Ao todo, foram dois anos de tratamento, entre retirar os tumores e começar o processo de fertilização in vitro. Na primeira tentativa, o embrião já se desenvolveu, mas haveriam ainda outros capítulos. “Devido a minha idade e a do meu marido, a gravidez foi considerada de risco. Então, em cada um dos exames, havia a expectativa de que a criança estivesse saudável, sem doenças genéticas. A cada semana a gente verificava o útero, a pressão arterial, o desenvolvimento da bebê. Eu celebrei cada etapa vencida desta gestação”, relata Mônica.
A partir dos 40 anos, a gravidez é considerada de risco devido ao envelhecimento das células reprodutivas e a prevalência de problemas de saúde comuns da idade, como hipertensão e diabetes.
Reprodução assistida
A fertilização in vitro (FIV) une os óvulos extraídos da mãe (ou de uma doadora) aos espermatozoides do pai (ou de um doador). É um procedimento acompanhado, realizado em laboratório. O método possibilitou que a atriz Claudia Raia engravidasse aos 55 anos.
A fecundação e o desenvolvimento do embrião ocorrem em uma estufa, com gases e temperatura controlados pela equipe médica. Entre três a cinco dias depois de o óvulo estar fecundado, o embrião é implantado no útero por meio de um cateter. O procedimento é indicado para mulheres que não conseguem engravidar naturalmente, quando o parceiro tem algum problema com a qualidade e a quantidade de espermatozoide ou para casais do mesmo sexo.
Antes da FIV são exigidos vários exames de saúde, para avaliar o estoque de óvulos, a dosagem hormonal e as condições do útero. Se a mulher tiver mais de 40 anos, a preparação inclui uma avaliação cardiológica. “Fazemos um check up completo para que problemas clínicos não sejam somados à gravidez”, explica a ginecologista Marise Samama, que possui habilitação em reprodução assistida pela Unifesp.
As possibilidades de ter diabetes gestacional, pré-eclâmpsia e trombose aumentam consideravelmente com o avançar da idade, além dos riscos de aborto, que sobem para 35%. A partir dos 50, os riscos para mãe e o bebê são ainda maiores. Por conta disso, uma resolução de 2022, do Conselho Federal de Medicina (CFM), recomenda que a idade máxima das candidatas à gestação por técnicas de reprodução assistida seja de 50 anos.
Preço de um sonho
A reprodução assistida está disponível na rede pública, porém de forma muito limitada. Na rede privada, os custos de cada ciclo de fertilização in vitro podem chegar a R$ 25 mil.
Para a farmacêutica Flávia Chanceta, de 35 anos, também de São Paulo, que passou três anos sem conseguir engravidar por conta de uma endometriose assintomática, os custos, as dificuldades físicas e emocionais valeram a pena.
“Estou super feliz como mãe, consegui depois de três meses de tratamento. Era o meu sonho e tudo deu certo porque confiei na ciência. Sugiro que as mulheres que desejam ser mães não desistam. Se resguardem fazendo todos os exames, busquem médicos com experiência e acreditem que é possível”, completa. Flávia, que congelou óvulos, pensa em fazer uma nova reprodução assistida em breve
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