São Paulo – Escalado pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) para cuidar da articulação política do governo paulista, Gilberto Kassab, fundador do PSD, já teve ao menos dois encontros com deputados do PT na Assembleia Legislativa (Alesp) e recebeu sinais de que os petistas estão dispostos a abrir mão de uma oposição feroz ao governador, apadrinhado político de Jair Bolsonaro (PL).
A estratégia para receber a simpatia dos petistas passou por identificar uma racha interna na legenda, acenar com a execução total das emendas parlamentares previstas para este ano e por não se opor ao arranjo que os deputados já haviam feito de manter o partido no controle da 1ª secretaria da Alesp – cadeira que pode indicar pessoas para 70 cargos na assembleia.
A federação da qual o PT faz parte, que inclui PCdoB e PV, elegeu 19 dos 94 deputados estaduais paulistas. Mesmo com a oposição que PSol e PSB também farão a Tarcísio, o total de 27 assentos não é suficiente para trazer problemas a Tarcísio no Legislativo.
Mas como ainda há arestas a serem aparadas com o PSDB e o União Brasil, que juntos tem outras 17 cadeiras, Kassab tratou de abrir os canais diplomáticos com a oposição o mais cedo possível.
Cada deputado tem direito indicar R$ 10,5 milhões em gastos que o governo deve fazer ao longo de 2023. “O Kassab já sinalizou que vai executar as emendas impositivas, coisa que Rodrigo Garcia não fez”, diz a deputada Márcia Lia, petista da região de Araraquara, que foi reeleita.
Partido dividido
A chegada de novos deputados na bancada petista causou divisão no partido, que deve começar as reuniões para tentar achar os pontos de ação comuns a partir da semana que vem.
Parte dos deputados, que já estava no legislativo, tem um histórico de tolerância com o governo – eles chegaram a votar com a gestão dos tucanos no mandato passado e já deram uma sinalização de possível entendimento com Tarcísio ao votar com o governo na sessão do ano passado que decidiu reajusta o salário do governador.
Este grupo tem influência do clã Tatto e tem um representante na casa, Enio Tatto. Jilmar Tatto, secretário de Comunicação do PT, passou a ser visto com ressalvas por petistas paulistanos desde que ele tentou, de forma isolada, em novembro, uma aproximação com o prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), para falar de tarifa zero para o transporte.
O outro grupo é formado justamente por deputados recém-eleitos, como Eduardo Suplicy e Donato, que vêm da capital e não têm intenção de começar os mandatos na Alesp costurando acordos com Tarcísio.
Um dos pontos de união, porém, está relacionado à privatização da Sabesp. Os petistas sinalizam que buscarão todas as ferramentas possíveis para retardar o projeto tido como prioritário pelo governador.
Eleições na Alesp
Kassab, ao procurar o primeiro grupo, deixou claro que não tomaria partido na indicação que os petistas farão para a composição da mesa diretora da Alesp.
O candidato do governador para a presidência da casa é André do Prado (PL) e o PT, por ser a segunda maior bancada, quer ficar com a indicação do 1ª secretaria da casa. Para isso, deve apoiar o nome do PL, partido de Bolsonaro, em troca da garantia da vaga.
O lado do qual Kassab buscou aproximação defende a indicação de Enio Tatto para o cargo. Os demais parlamentares querem a nomeação de Teonilio Barba. Mas o líder do governo de Tarcísio não se envolverá na escolha, segundo as conversas que já teve com a bancada.
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