Escândalo com trabalho escravo afetará mercado brasileiro de vinhos

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O mercado do vinho brasileiro está em crise: 200 trabalhadores, aliciados na Bahia para a safra da uva no Rio Grande do Sul, foram resgatados de situação análoga à escravidão em Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha. A operação conjunta da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Polícia Federal (PF) e Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) aconteceu na noite da última quarta-feira (22/2).

A situação envolve gigantes da área, como Aurora, Salton e a Cooperativa Garibaldi, grandes vinícolas que produzem vinhos e espumantes conhecidos no mercado nacional e internacional. Em nota enviada à imprensa, as empresas alegaram que desconheciam as irregularidades e sempre atuaram dentro da lei.

Segundo o gerente regional do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Vanius Corte, mesmo afirmando não saber da situação, os empreendimentos podem ser responsabilizadas pelo pagamento dos direitos trabalhistas. A informação foi dada em entrevista ao programa Timeline da Rádio Gaúcha.

Além disso, as empresas foram incluídas na investigação, pois têm a obrigação de fiscalizar quem são as pessoas contratadas de forma terceirizada. Corte citou que produtores rurais que têm relação com o agenciador serão investigados e que é preciso ficar atento quando a mão de obra for ofertada mais barata do que de costume.

“Quem contrata tem que ter esses cuidados, não cair nessa conversa. Se tem gente (mão de obra) barata, alguma coisa errada tem”, disse Vanius Corte.

Mercado do vinho será afetado

O sommelier, enólogo e vinicultor Carlos Sanabria, nascido no Rio Grande do Sul e dono da Sanabra Vinhos (localizada na Asa Norte, em Brasília), explica, em entrevista ao Metrópoles, sobre a cultura do vinho de Bento Gonçalves. “Por aqui, ela é bem diversificada. Há muitas famílias e vinícolas menores e maiores”, conta.

Carlos Sanabria
Carlos Sanabria

De acordo com o profissional, esse tipo de trabalho contratado por terceiros para a colheita da uva se tornou comum em grandes empresas. “Por conta de falta de mão de obra, algumas vinícolas preferem contratar pessoas de fora, principalmente pela colheita ser 100% manual aqui na Serra Gaúcha”, comentou, elucidando que os terrenos íngremes e os parreirais não deixam que haja uma colheita mecânica.

“Esse tipo de trabalho escravo não era para acontecer… Mas, infelizmente, há empresas que preferem contratar a mão de obra mais barata para ter mais uvas colhidas e, consequentemente, mais garrafas de vinho”, frisou.

Quanto ao mercado, Carlos é assertivo: “Tudo será afetado”. Ele afirma que não só as marcas envolvidas, mas todo o mercado do vinho brasileiro terá consequências após o escândalo. “Vai impactar vinícolas pequenas também, os produtores de uva, os produtores de matéria prima (como rolha, garrafa e rótulo), vai dificultar a exportação e afetar a economia”, lamenta.

Compre do pequeno

Para Sanabria, o consumidor final precisa evitar as empresas envolvidas. “Além de não comprar nada dessas vinícolas, vale a pena não consumir nenhum tipo de vinho vindo de trabalho ilegal”, comenta.

Uma forma de saber diferenciar os rótulos com origem segura dos que podem ter envolvimento com trabalho escravo é entender a proposta da vinícola, a origem do produto, consumir rótulos advindos de agricultura familiar, vinhedos próprios ou lotes exclusivos.

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