São Paulo – As duas principais organizações não governamentais (ONGs) que atuam no enfrentamento da tragédia que deixou 64 mortos em São Sebastião, no litoral norte paulista, durante o Carnaval estão sendo cobradas por moradores e pela prefeitura local para prestar contas sobre as doações que receberam.
Juntos, o Instituto Verdescola e a rede Gerando Falcões pediram doações financeiras por Pix para ajudar as vítimas do litoral e arrecadaram R$ 31 milhões ao todo.
Os moradores da Vila do Sahy, local mais destruído pelos deslizamentos provocados pelo temporal durante o Carnaval, já fizeram protestos cobrando “onde está todo o dinheiro que foi doado”.
O grupo também fez questionamentos ao prefeito Felipe Augusto (PSDB) sobre as moradias populares prometidas aos desabrigados. Uma nova manifestação está marcada para a tarde desta sexta-feira (17/3), na altura do km 178 da Rodovia Rio-Santos.
A Prefeitura de São Sebastião, por meio de notificação da Procuradoria Município, já pediu que as duas ONGs prestassem contas sobre as doações recebidas.
Fábio Vieira/Metrópoles
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Gerando Falcões
Eduardo Lyra, fundador da Gerando Falcões, publicou em suas redes sociais e nos canais da instituição um vídeo com uma apresentação sobre as atividades no litoral paulista. O balanço da instituição pode ser acessado online.
Segundo o relatório, foram arrecadados R$ 17,4 milhões, dos quais R$ 12,7 milhões foram recebidos via Pix, R$ 3,6 milhões por meio de doações de empresas mobilizadas pelo governo de São Paulo e pela ONG, para abrigar famílias em pousadas, e mais R$ 1 milhão constam como “apoio Gerando Falcões”.
Favela 3D
A instituição também detalhou em quais iniciativas pretende aplicar todo o dinheiro, entre ações emergenciais, de reconstrução e prevenção. De acordo com o documento, serão gastos, por exemplo, R$ 2 milhões na “contratação de projetos técnicos para reurbanização e construção das casas” e R$ 3 milhões em “aplicação de tecnologias Favela 3D, para desenvolvimento econômico e social da Vila do Sahy”.
“A instituição mobilizou todo seu ecossistema de doadores (pessoas físicas e jurídicas) para apoiar as famílias atingidas pelas chuvas no litoral norte de São Paulo, que ficaram vulneráveis e desabrigadas”, diz a Gerando Falcões em nota.
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“Essa conduta deverá ser aplicada com todas as entidades que se recusarem a prestar contas ao município no que tange arrecadações para as vítimas das chuvas”, diz a Prefeitura de São Sebastião.
Instituto Verdescola
Nas primeiras horas após as fortes chuvas no Carnaval, o Instituto Verdescola recebeu feridos e corpos de vítimas dos deslizamentos. Ao longo dos dias, a ONG se tornou um dos principais locais para acolhimento dos desabrigados e desalojados.
Na prestação de contas enviada à prefeitura ao Metrópoles, a entidade afirma ter arrecadado R$ 13,8 milhões, sendo que R$ 1,5 milhão foram gastos nessa etapa emergencial para acolhimento, distribuição de itens de primeira necessidade como fraldas e colchões, e operação logística.
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O comunicado informou que, por ter sido usado como abrigo, o instituto destinou recursos humanos e financeiros para manutenção de itens como móveis quebrados, pias danificadas, fogão, coifa, materiais para aulas, pintura das instalações, higienização e limpeza.
“A fase 2 vai destinar R$12.303.799,45 a duas iniciativas em benefício da comunidade local. Considerando a vulnerabilidade emocional e psicológica pós-trauma e necessidade de prevenção e diminuição dos efeitos dos desastres naturais”, diz o Instituto Verdescola, em nota.
A entidade prevê fazer atendimento psicológico recorrente para mil estudantes e seus familiares e para 81 profissionais da instituição. Outra medida elencada nessa segunda fase é a orientação da comunidade que vive em áreas de risco e a criação de protocolos para emergências.
“Considerando, porém, que as atribuições das ações estruturantes de urbanização e habitação são do Poder Público, a entidade aguarda informações pertinentes para desenvolver plano de ação detalhado, em consonância com os interesses comunitários”, afirma a ONG.
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