Elas resolvem: relembre crimes bárbaros solucionados por mulheres policiais no DF

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Foi na década de 1950 que a mulher brasileira conquistou o direito de ser policial. Após quase 70 anos de luta, a profissão, antes vista como masculina, tem ganhado cada vez mais protagonismo feminino dentro das instituições.

Na linha de frente, com a missão de proteger não apenas os seus, mas toda a população, mulheres têm feito a diferença quando o assunto é segurança pública. Inspiradas pelas conquistas das pioneiras, hoje elas são delegadas, peritas, agentes e militares que dedicam diariamente suas vidas a servir e a garantir a segurança da sociedade.

Durante dias, o Metrópoles acompanhou de perto a rotina das policiais de algumas das principais corporações do Distrito Federal, e apurou que, além do trabalho essencial, as servidoras atuam e atuaram diretamente na resolução de grandes casos de repercussão garantindo justiça as vítimas.

Chacina no DF e bomba no aeroporto

Dirigido pela perita Vanessa Gozzer Viegas Spagnolo, a divisão de perícias e exames técnicos papiloscópicos do Instituto de Identificação (II) da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), composta por um terço de mulheres, é a área responsável por coletar e identificar impressões digitais em laboratórios ou cenas de crime.

“A cadeia de procedimentos adotada pela investigação da papiloscopia começa na área onde o crime ocorreu. Em seguida, colhemos essas impressões digitais, bem como demais materiais que possam conter algum tipo de vestígio. O objetivo, na verdade, é estabelecer quem esteve no local, sejam testemunhas, vítimas ou culpados para que, dessa forma, possamos auxiliar na investigação da polícia”, explicou a diretora.

Um exemplo do trabalho da instituição foi a perícia que identificou as digitais de Carlomam dos Santos Nogueira, 26 anos, no cativeiro onde ficaram as vítimas da maior chacina do Distrito Federal, e no carro de uma delas. Ao todo, 10 pessoas foram mortas.

Por meio de exames específicos e procedimentos realizados no veículo – colocado dentro de uma capela para vaporização de supercola – o Instituto de Identificação pode colher as impressões e colocar o assassino confesso na cena do crime.

Graças ao desempenho da instituição foi possível identificar e deter o criminoso.

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Agora, Carloman responderá por homicídio quadruplamente qualificado, homicídio triplamente qualificado, extorsão mediante sequestro, corrupção de menor, ocultação e destruição de cadáver, sequestro e cárcere privado, ameaça com constrangimento ilegal com uso de arma e roubo. Além de associação criminosa.

Outro caso em que peritas do instituto atuaram efetivamente foi no da bomba encontrada na área do aeroporto de Brasília, na véspera do Natal de 2022. Segundo Vanessa, graças a um fragmento positivo de impressão na parte colante da fita do artefato foi possível indicar George Washington de Oliveira Sousa, 54, como uma das pessoas que teriam tocado no explosivo.

Para os exames de impressões, a perita explica que é feita uma comparação. Na ocasião, as impressões marcam, no mínimo, 13 pontos característicos para apontar a quem ela pertence. “Isso porque é impossível duas pessoas terem os 13 pontos iguais”, esclarece Vanessa.

O mais recente caso, conduzido por outra mulher do instituto, foi o da identificação da ossada localizada na noite de quinta-feira (9/3), nas proximidades do Palácio do Planalto. Segundo as investigações, a vítima é Hermano Caetano Ferreira Neto, que tinha 54 anos. O homem era alcoólatra e estava desaparecido desde 3 de janeiro deste ano.

Por estar em avançado estado de decomposição, e com crânio e braços separados do corpo, o cadáver foi identificado por meio da digital e de documentos encontrados próximo ao local.

“Por ser uma área tão necessária, aqui não paramos. Minha função é manter a roda girando e as respostas sendo produzidas em tempo hábil para que possamos encaminhar os laudos às delegacias e, consequentemente, elas possam efetuar as prisões ou identificar vítimas”, explicou a perita.

Para Vanessa Gozzer, hoje, na profissão, o fato de ser mulher não pesa tanto quanto no início na carreira. Contudo, frisa ela, houve um tempo em que enfrentou resistência de colegas e até da comunidade. “No início foi um pouco difícil. Já cheguei a ouvir frases machistas e ofensivas pelo simples fatos de eu ser mulher. Mas isso nunca me impediu de seguir firme. É importante nos mantermos firmes e lembrarmos sempre que o lugar da mulher é onde ela quiser”, afirmou a policial.

Marinésio Olinto, o maníaco em série

Médicas, biomédicas e biólogas. No Instituto de Pesquisa de DNA Forense (IPDNA) da PCDF peritas como Marinã Amaral, Fabíola de Paula e Maria Emília Siqueira auxiliam em investigações criminais por meio de perícias genéticas forenses. O exame, famoso em séries policiais, é utilizado pelas profissionais para identificar suspeitos e vítimas.

“O nosso trabalho consiste, basicamente, na realização de alguns exames, como a análise de identificação humana – capaz de apontar a quem pertence um corpo a partir do material genético de um familiar. Além desse, também fazemos o exame de vínculo genético, que determina quem seria o estuprador que engravidou uma vítima, por exemplo”, esclareceu Marinã.

À reportagem Maria Emília lembrou de um dos casos emblemáticos em que trabalhou em 2019. No período, ela e outras peritas conseguiram comprovar que na roupa do maníaco Marinésio Olinto havia material biológico de Letícia Curado. À época das investigações, o homem mentiu dizendo que não teve contato com a vítima. Mais tarde, porém, o acusado foi detido e ligado a vários casos de violência sexual.

Marinésio foi condenado a 37 anos de prisão pela morte de Letícia e a 33 anos pelo assassinato de Genir Pereira. Em fevereiro deste ano, a Justiça acatou outra denúncia contra o serial Killer. Ele agora vai responder, também, pelo crime contido no artigo 215-A do Código Penal, que penaliza quem pratic “ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro” contra alguém “sem a sua anuência”.

 

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Bilhete para atrair vítimas da chacina

Com um time composto pela maioria feminina, a documentoscopia, uma das seções de perícia do Instituto de Criminalística, é a área responsável por identificar autenticidade de assinaturas e a autoria de grafismos determinados. No local, as peritas coletam material gráficos e, por meio dos exames grafotécnico e documentoscópico, ajudam a autoridade policial a desvendar casos específicos.

Foram as peritas do Instituto, por exemplo, que descobriram a autoria do bilhete que teria sido utilizado como esboço para atrair vítimas da maior chacina do Distrito Federal.

Segundo relatado ao Metrópoles, quatro dos cinco criminosos foram levados ao local e submetidos aos exames. Lá, as profissionais, e toda a equipe, constataram que Horácio Carlos, 49, seria o autor do manuscrito e que o caderno utilizado por ele para escrever o esboço pertencia a Gabriela Oliveira, uma das vítimas.

Durante a perícia foi constatado, ainda, que outras três pessoas escreveram no objeto: Gideon Batista de Menezes, 55; Fabrício da Silva Canhedo, 34. A pessoa responsável pelo quarto grafismo, no entanto, ainda não foi identificada; é possível que seja uma das vítimas ou até mesmo um novo suspeito.

“O exame grafotécnico parte do princípio de que a escrita é única. Ou seja, não existem, no mundo, duas pessoas que escrevam da mesma forma. Dessa maneira, a gente consegue vincular uma determinada escrita a um único escritor”, comentou Caren Caixeta, perita criminal que atuou no caso da chacina. “No decorrer do exame, comparamos materiais, características e qualidades gerais de escrita, bem como elementos individualizadores que nos ajudaram a chegar a cada autoria”, finalizou.

Larissa Naves, uma segunda perita que atuou no caso, esclareceu à reportagem que o exame grafotécnico é “essencialmente comparativo”. “Nós o utilizamos quando uma escrita questionada, no caso o bilhete e o caderno, por exemplo, é comparada com um material-padrão, colhido dos suspeitos aqui no instituto”, explicou a servidora.

“Além disso, analisamos, ainda, agendas e cadernos pessoais trazidos pela polícia. Esses materiais foram muito úteis, pois teriam derrubado quaisquer tentativas de fraude, o que não foi o caso, uma vez que os suspeitos colaboraram. Depois de muito trabalho, conseguimos finalizar os procedimentos que indicaram a participação de cada um dos envolvidos testados”, pontuou.

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Objetos falsificados

No Instituto de Criminalística da PCDF também fica a seção de perícia de objetos e instrumentos de crimes. Chefiado pela perita Paula Giubert, especialista em gemas, o local recebe desde facas utilizadas em crimes para exames de eficiência a aviões e joias.

“Recentemente estamos recebendo muitos fios de alta tensão para a perícia. O crime tem crescido muito na capital Federal e, como consequência, a demanda também. Resumidamente, os criminosos furtam esses cabos para conseguir o cobre que fica dentro deles, e na sessão fazemos as avaliações desses materiais”, pontuou.

“Mas aqui fazemos desde avaliação de marcas, para verificar se determinado objeto é verdadeiro, a identificação da autenticidade de gemas, que são as pedras preciosas ”, explicou.

Formada em odontologia, a perita buscou profissionalização na Europa para tornar-se gemóloga e trazer a especificidade à PCDF. Foi ela, inclusive, quem percebeu a carência da instituição na área. Mãe de duas crianças pequenas, ela concilia, com louvor, a maternidade com o trabalho na área de investigações criminais.

“É importante que nós mulheres saibamos que podemos fazer qualquer coisa, onde e quando quisermos. É desafiador, mas um prazer. Quando comecei na faculdade não imaginava que hoje estaria aqui. Sou muito apaixonada, grata e feliz com o que faço, principalmente por ser algo que faz a diferença de alguma forma, né?”, finalizou Paula.

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Feminicídio

Primeira mulher a assumir a direção do Departamento de Perícia Externa (DPE), Beatriz Figueiredo é responsável por comandar as sessões crimes contra a pessoa, de delitos de trânsito, de crime contra o patrimônio, incêndio e explosões e a de engenharia legal e meio ambiente – todas com atuação direta nas ruas. Policial há 10 anos, a diretora acumula outra função: a de treinar o olhar de peritos da PCDF em cenas de crimes como o de feminicídio.

“O nosso trabalho é servir o cidadão de forma igualitária, independente do gênero ou da condição social. Apesar de diariamente lidarmos com o pior da sociedade, entendemos que o trabalho pericial bem feito permeará todo o curso do processo penal garantindo a justiça às vítimas. É isso que nos alimenta”, declarou a policial.

Para Beatriz, apesar de um pequeno aumento, ainda há, na polícia, pouca representatividade feminina. “Está na direção do DPE por si só é um ato de resistência, por ser um ambiente dominado por homens”, pontuou.

“Então, o meu objetivo aqui, além de um trabalho bem feito, é abrir caminho para que outras mulheres consigam pensar na possibilidade de ocupar cargos como o meu, ou serem diretoras de instituto, delegadas, diretoras gerais da polícia e o que mais quiserem ser. Na verdade, eu queria que isso fosse algo natural, né? E que a questão de gênero não fosse considerada. Mas não é o que acontece. Portanto, seguimos lutando para um dia ser”, declarou a diretora.

Com especialização e mestrado em questões de gênero, Beatriz transformou a tese acadêmica em um livro sobre perícia em cenas de feminicídio que será lançado em agosto deste ano.

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8 de janeiro

Também dirigido por um mulher, o Instituto Médico Legal (IML) tem, em sua composição, um terço de peritas. Responsável por avaliações periciais em seres humanos, vivos ou mortos, é a instituição que recebe vítimas de agressões físicas e sexuais, por exemplo, para exame de corpo e de delito.

Segundo Márcia Cristina Barros e Silva dos Reis, diretora do IML, o fluxo na instituição é intenso, uma vez que, no local, vários tipos de casos são atendidos. Porém, conforme relatou a diretora, em 8 de janeiro, o IML enfrentou algo nunca visto anteriormente.

Devido aos atos terrorista que culminaram na prisão de inúmeros bolsonaristas, a demanda triplicou e, com isso, foi necessária a atuação de toda a equipe do local, bem como de outros institutos, para que exames fossem feitos e as detenções ocorressem dentro do prazo estipulado pela Justiça.

“Costumamos ver todos os tipos de coisas. Porém, nesta data, vivemos algo que nenhum outro IML do Brasil viveu. Tivemos de fazer quase 1500 cautelares em três dias. Foi um trabalho árduo e ininterrupto, mas que no fim mostrou o quanto os servidores, unidos, conseguem produzir”, explicou a diretora.

Ao Metrópoles Márcia detalhou que, no IML, as maioria dos cargos de chefia são ocupados por mulheres, apesar de elas ainda serem a minoria no quadro de funcionários.

Um dos cargos de liderança, inclusive, é ocupado pela perita médica legista Hanna Flávia Gomes Soares e Silva. Há 6 anos na instituição, é ela quem chefia o laboratório de toxicologia do departamento da Polícia Civil e quem analisa amostras biológicas de sangue e urina para identificar a presença de drogas e álcool. “O nosso trabalho aqui é produzir a prova que será utilizada na ação penal para que, dessa forma, a justiça seja promovida”, pontuou a perita.

Para Márcia dos Reis, a atuação de médicas legistas é indispensável para tornar o trabalho do IML “mais eficiente”. “Percebo que, muitas vezes, as vítimas sentem-se mais calmas na presença feminina”, disse a diretora.

“Isso porque o trabalho que desenvolvemos envolve muita sensibilidade e uma questão de atendimento mais humano mesmo. Apesar de extremamente desafiador e ainda cheio de preconceitos, cada vez mais mulheres ocupam espaços antes atrelados a homens e provam que a questão do gênero não é empecilho”, declarou.

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Provid: o trabalho humano da PMDF

O Policiamento de Prevenção Orientado à Violência Doméstica e Familiar, mais conhecido como Provid, é uma iniciativa da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) que tem como objetivo o enfrentamento da violência doméstica, por meio de ações de prevenção. “O projeto atende a mulheres, crianças, idosos e qualquer pessoa que já vivenciou ou que ainda vivencia algum ciclo de violência”, contou a soldado Bruna Larissa, lotada no 8º Batalhão de Polícia Militar, em Ceilândia.

Segundo a policial, o serviço acontece da seguinte forma: militares fazem visitas periódicas a vítimas de violência, que aceitam ser acompanhadas, para conversar e realizar triagens. “Trata-se de um acompanhamento voluntário. Quando a pessoa aceita ser auxiliada, a viatura começa a fazer visitas periódicas a casa dessa vítima a fim de ajudá-la a romper o ciclo de violência. A intenção, na verdade, é tentar fazer com a assistida não retorne ao ciclo de agressões”, explicou.

À reportagem, Bruna contou que, até o momento, a taxa de efetividade da iniciativa é de 100%. “Nenhuma mulher assistida pelo Provid tornou-se vítima de feminicídio ou voltou a ser agredida. Então, esse é um projeto muito efetivo que tem crescido dentro da PM com a atuação da policial feminina”.

Para a militar, a atuação de mulheres dentro da segurança pública do Distrito Federal “é essencial”. “Tanto no rádio patrulhamento que é pra fazer uma abordagem, quanto no serviço administrativo. Seja qual for a área, a atuação da policial feminina é muito importante. E no Provid não seria diferente. Aqui, a gente atua com mulheres, crianças e idosos, mas a maioria são mulheres e muitas vezes elas se sentem mais acolhidas em conversar com uma igual”, explicou.

“Essa preferência acontece porque, em alguns casos, podem existir vítimas que enxergam no policial masculino o reflexo da violência que ela já passou. Quando identificam esse comportamento, os meus companheiros de trabalho se afastam para que eu possa conversar com a pessoa. Então, essa é uma das importâncias, né? Poder acolher da melhor forma quem tanto precisa da gente nessas horas”, pontuou.

Ao Metrópoles a soldado disse ter escolhido a profissão por sentir que, dessa forma, poderia ajudar outras pessoas. Mesmo durante o período de treinamento, Bruna deixou claro a preferência por atuar no projeto. Hoje, três anos após ingressar na corporação, a jovem diz ser “grata pela oportunidade de fazer a diferença dentro da instituição.

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Para além da questão policial, a Provid ajuda, ainda, as vítimas assistidas com doações de mantimentos. “Geralmente são pessoas muito carentes e que dependem dos agressores até para alimentar-se. Então, não poderíamos deixa-las desamparadas. Periodicamente também realizamos visitas para deixar cestas básicas, que são doadas pelo Judiciário ou por quem sente vontade de ajudar. Como disse, são pessoas que precisam muito”, declarou.

A reportagem acompanhou uma das visitas feitas pela corporação a uma vítima que reside em Ceilândia, no Distrito Federal. Com sacos de latinhas nas mãos, a assistida pelo projeto abriu as portas de sua casa e permitiu nossa presença. Humilde, a mulher relatou como está a vida e demonstrou gratidão pelo ato dos militares.

Ao retornar ao batalhão, o Metrópoles apurou que, durante a pandemia, a soldado Bruna Larissa abriu mão de receber ajuda em seu casamento para pedir cestas básicas para o projeto social. A militar teria arrecadado diversas cestas básicas e pôde distribuir cerca de duas para cada vítima assistida pela iniciativa. Ela conseguiu, ainda, comprar uma cadeira de rodas para uma senhora acompanhada pelo programa.

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A cerca de 30km dali, no 26º Batalhão de Polícia Militar, a segunda tenente da PM Renata Ferrari contou como foi ser a primeira mulher na função. “Tornei-me tenente há um ano e meio, e sou responsável por coordenar e fiscalizar a atuação do policiamento militar em determinados dias e determinadas áreas. Hoje, há mais mulheres, inclusive a tenente coronel do batalhão é uma mulher. Contudo, lá no início, era somente eu. Foi desafiador, né? Estar em um ambiente onde a maioria dos presentes são homens”, começou Renata.

“No entanto, o militarismo proporciona que o nosso trabalho seja um pouco mais fácil, devido a hierarquia e disciplina. Dessa forma, não importa se é homem ou mulher. Se algo está sendo determinado, ele será cumprido. Claro que não é fácil, temos nossa rotina em casa, maternidade, mas com disciplina é possível”, pontuou.

Diferentemente das demais entrevistadas, Renata contou que nas ruas é recebida com admiração. “Às vezes eu estou passando na rua em alguma situação e ouço, principalmente de crianças a frase: ‘Olha uma policial menina’. Aí pedem pra tirar foto. Dão tchauzinho. É bem legal esse reconhecimento”, explicou a tenente.

“Mas nossa importância vai muito além, né? Somos dedicadas, esforçadas e conseguimos ultrapassar qualquer obstáculo que estivermos dispostas a enfrentar”, finalizou.

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Elas no trânsito

Além do Departamento de Trânsito do DF (Detran) e do Departamento de Estradas de Rodagem (DER), mulheres também atuam garantindo a segurança das vias da capital por meio da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

Há 18 anos na corporação, a agente Juliana Baima é uma das policiais que identifica, mapeia e estuda locais em que acidentes ocorrem com frequência na unidade da Federação. É graças ao olhar dela, e de uma equipe composta exclusivamente por mulheres, que centenas de mortes podem ser evitadas nas estradas do DF e Entorno.

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À reportagem a agente relembrou desafios vividos na profissão e garante: “Apesar de existir o machismo na área, isso não me impede de fazer meu trabalho”. “Já aconteceu de eu abordar um motorista e ele se incomodar com o fato de a bronca ser proferida por uma mulher. Com o tempo, a gente aprende a lidar com esse tipo de pessoa que, infelizmente, está em todas as profissões”, pontuou.

“Apesar das dificuldades, falo com orgulho que a segurança pública vale a pena. Quando entrei na PRF, mulheres representavam 5% da corporação. Hoje, esse quantitativo subiu para 15%. São mulheres que correm atrás de seus sonos independente do que a sociedade diz”, finalizou.

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