“Sapatênis do pop”, analisa Regis Tadeu, crítico que odeia Coldplay

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“É uma banda que foi ótima no passado e hoje faz um tipo de rock para quem não gosta de rock. Coldplay hoje é uma espécie de sapatênis da música pop.” A definição do que é o grupo liderado por Chris Martin é do crítico musical Regis Tadeu. Ele ganhou holofotes por ser convidado para uma das apresentações da banda no Brasil após fazer um vídeo afirmando que detesta o grupo londrino.

Embora hoje considere que o Coldplay faz “um tipo de som absolutamente plástico, sem o mínimo de profundidade, com letras muito fracas que regurgitam clichês de auto-ajuda”, Regis revela que gostou dos primeiros trabalhos do grupo. O crítico explica que os dois primeiros álbuns eram muito bons, mas que não costuma fazer comparações e a qualidade tem caído, principalmente nos quatro últimos álbuns. 

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“O som do Coldplay ficou muito artificial, muito inofensivo, e isso é uma coisa que eu absolutamente abomino”, avalia. Em entrevista exclusiva ao Metrópoles, ele explica ainda que ir à apresentação da banda apenas reforçou a opinião negativa que ele tem. 

“Minha opinião continua a mesma. O show foi extremamente entediante, extremamente chato. Para mim, com uma sequência de canções errada, muito playback — o que as pessoas chamam hoje de VS, ou virtual studio. Do show inteiro, só umas três ou quatro músicas mostraram a banda tocando. O resto, para falar um termo bem popular, foi puro playback.”

Mesmo que o grupo liderado por Chris Martin não seja o preferido do crítico musical, ele arrasta multidões e enche arenas mundo afora. No Brasil, eles fecharam seis apresentações em São Paulo, três no Rio de Janeiro e duas em Curitiba. Regis Tadeu explica que existe um motivo um tanto simples para o sucesso da banda. 

“Eles entenderam a necessidade que o público tem de voltar a ser adolescente. De voltar a ser um jovem sem preocupações, sem boletos para pagar, sem responsabilidades. E a melhor maneira de você fazer isso é oferecer um espetáculo grandioso e extremamente colorido, justamente para fazer com que o público volte àquela época, a ficar debaixo daquele edredom emocional quentinho do qual eles sentem tanta falta nos dias de hoje”, observa.

Fãs do Coldplay ao ataque

Desde que divulgou o vídeo Coldplay – Porque Eu Detesto, o crítico musical recebeu diversos ataques dos fãs da banda, além de conquistar a audiência de Chris Martin. Ele conta que está acostumado com situações assim porque sempre recebe “ataques de fãs histéricos e desmiolados toda vez que critica negativamente os ídolos” deles. 

“Seria até uma surpresa se esses fãs infantilizados do Coldplay não ficassem absolutamente raivosos em relação à minha pessoa. Absolutamente normal e sempre muito divertido”, garante. Ele disse ainda que achou toda a repercussão em volta disso divertida e interessante. 

“No geral, achei essa repercussão absolutamente divertida e muito interessante, porque tocou realmente em uma ferida exposta dos fãs do Coldplay, que é aquela coisa de que seus ídolos jamais podem ser criticados, o que é uma bobagem bem contemporânea.”

Do outro lado, o encontro com Chris foi tranquilo e ele esperava que fosse assim. “Eu sabia, até pela postura que o Chris Martin tem, que de forma alguma seria algum tipo de encontro que fosse fora do âmbito amistoso. Ele me pareceu um cara muito legal, e o que ele quis demonstrar foi exatamente que é possível você ter opiniões absolutamente contrárias e mesmo assim não faltar com o respeito com as pessoas, com seu antagonista, vamos dizer assim”, conta. 

O que vale a pena

Para Regis Tadeu, existe muita gente fazendo boa música dentro e fora do Brasil. No âmbito internacional, ele destaca o “pop de altíssima qualidade” de The Weeknd e Harry Styles, mas também bandas fora do mainstream, como New Model Army e o Killing Joke. 

Entre os nomes nacionais, ele também apresenta artistas que não são conhecidos do grande público. “Dentro da área do rock existe uma banda paulista chamada Baranga, que faz um rock’n roll sensacional e divertido. Você tem também um artista como Fábio Góes, que lançou alguns discos muito interessantes, como o Sol no Escuro, que para mim é um dos discos mais belos da história da música brasileira”, avalia. 

Ele fala também da produção de Tulipa Ruiz, que considera ter “alta qualidade” e ser “muito distante dessa descartabilidade da música popularesca dos dias atuais”. 

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