Braço-direito de Tarcísio atrai bolsonaristas incomodados com Kassab

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São Paulo – Braço-direito do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), o secretário da Casa Civil, Arthur Lima, virou uma espécie de tábua de salvação de políticos bolsonaristas que buscam conquistar mais espaço e influência no governo paulista.

O grupo se sente preterido pela falta de cargos no primeiro escalão da máquina estadual e tem recorrido a Arthur Lima para fazer a interlocução com o governador e tentar frear a ascendência do secretário de Governo, Gilberto Kassab (PSD), que é o articulador político de Tarcísio.

Nos bastidores, Lima e Kassab duelam para ver quem tem mais prestígio junto ao governador. Publicamente, ambos negam haver qualquer desavença, mas internamente há relatos de atritos entre os dois – especialmente por parte de Lima, que foi levado do governo federal por Tarcísio para o Palácio dos Bandeirantes.

O secretário da Casa Civil se incomoda com o espaço concedido a aliados de Kassab no governo — ao todo, são cinco secretarias, que controlam R$ 84 bilhões do orçamento. Isso é um ponto em comum com o grupo bolsonarista que ajudou a eleger Tarcísio e se sente abandonado por não ter recebido cargos de relevância.

De formação militar, incluindo passagem pela Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), Arthur Lima é identificado com o bolsonarismo e integra o grupo apelidado como “Turma de Brasília”, formado por pessoas de confiança de Tarcísio e que já haviam trabalhado com ele anteriormente no governo federal.

Guerra fria

Os embates entre Lima e Kassab não são diretos e já foram chamados de “guerra fria” por integrantes do governo. Lima, por exemplo, tentou interferir na escolha da liderança do PL na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). O partido não apenas integra a base do governo como também detém a presidência da Casa, com o deputado André do Prado, e a corregedoria, com Alex de Madureira.

O secretário da Casa Civil deu apoio à indicação da deputada Valéria Bolsonaro como líder da bancada do PL na Alesp. A ala do partido que é anterior à chegada dos bolsonaristas, em 2022, conhecida como “PL raiz”, se irritou com a interferência e emplacou o deputado Carlos Cezar na liderança.

A movimentação de Lima foi vista como uma tentativa de deixar algum posto de relevância com o grupo bolsonarista na Alesp, já que os três postos conquistados pelo partido ficaram com deputados alinhados com o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto.

Além disso, servidores também enxergaram a ação como uma resposta de Lima às tratativas de Kassab na própria Assembleia. O secretário de Governo participou ativamente das negociações com as bancadas para que André do Prado, pupilo de Valdemar, fosse eleito o presidente da Casa.

Na véspera da eleição da presidência da Alesp, ocorrida em 15 de março, a bancada do PL, de 19 deputados, almoçou no palácio com Tarcísio, Arthur Lima e Kassab. Incomodou a ala bolsonarista o protagonismo de Kassab no encontro, frente ao chefe da Casa Civil, que pouco falou no encontro. Para esse grupo, o episódio ilustra bem o cenário que eles tentam reverter.

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