Após reunião da Opep, cartel de países produtores de petróleo, a Arábia Saudita anunciou que fará um corte voluntário em sua produção. A redução será de 1 milhão de barris por dia.
O anúncio foi feito neste domingo (4/6), como parte de um acordo entre os membros da chamada “Opep+”, grupo que inclui os membros fixos da Organização de Países Produtores de Petróleo e outros países associados.
O grupo teve uma reunião neste fim de semana em Viena, na Áustria.
Os membros da Opep+ não chegaram a um acordo para redução geral da produção, com as movimentações ficando restritas à Arábia Saudita.
O corte foi costurado pelo príncipe saudi Abdulaziz bin Salman, ministro de Energia do reino e considerado o “líder” da Opep.
O corte da Arábia Saudita busca reduzir a oferta mundial do insumo e afetar os preços do barril, que vêm em queda após o pico atingido no começo de 2022.
“Faremos o que for necessário para trazer estabilidade a esse mercado”, disse o ministro da Arábia Saudita.
No comunicado divulgado, também há um adendo para estender cortes voluntários até 2024 para mais países, mas sem detalhes sobre como isso será feito ou quantos barris podem vir a ser cortados.
Efeito nos preços
O preço do petróleo no mercado internacional vem em queda. No início da guerra na Ucrânia, em 2022, o barril do tipo Brent (usado como referência por petroleiras como a brasileira Petrobras) chegou à casa dos US$ 130. Nesta semana, o barril fechou em US$ 76.
O patamar ainda é visto como relativamente alto, mas muito longe dos picos do ano passado.
Com o anúncio deste fim de semana, a Arábia Saudita deve cortar sua produção para abaixo de 9 milhões de barris por dia em julho. Esse será o nível mais baixo no país desde junho de 2021. Na época, a produção vinha baixa pelos efeitos da pandemia da Covid-19, que derrubaram a demanda por combustíveis no mundo.
Neste ano, a Arábia Saudita e membros da Opep já haviam anunciado cortes na produção em abril. O preço do barril chegou a ter breve alta na ocasião, ficando em torno de US$ 90, mas rapidamente voltou à casa dos US$ 70 que se mantém até o momento.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta que a Arábia Saudita precisa que o barril fique em torno de US$ 80 no mercado internacional para garantir estabilidade fiscal no país e financiar projetos hoje em andamento.
Dificuldade no acordo entre produtores
Na outra ponta, observadores afirmam que os Emirados Árabes Unidos saem como vencedores das negociações promovidas pela Opep+ no fim de semana. Os Emirados Árabes não ofereceram um corte voluntário de produção imediato e ainda aumentaram em 200 mil barris por dia a meta de 2024.
Ao todo, as metas de produção da Opep+ foram ajustadas para 40,5 milhões de barris por dia para 2024.
Houve dificuldade em chegar a um acordo na reunião dos últimos dias em Viena. O principal entrave foi a distribuição das cotas de produção a cada país.
Países africanos produtores foram contrários a pedidos de que abrissem mão de suas cotas de produção que não vêm sendo utilizadas. A Angola, que tem colocado menos petróleo no mercado do que permite sua cota (por problemas na capacidade local de produção), foi um dos principais países opositores a um corte na meta.
Já os Emirados Árabes têm tido alta em sua capacidade de produção e vêm pressionando os membros da Opep+ para uma autorização de elevar seus números.
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