As redes sociais ainda são ambientes majoritariamente atraídos pelas (falsas) ideias de “perfeição” e ostentação. Corpos definidos, paisagens incríveis e muito luxo formam a receita de vários criadores de conteúdo para conquistar seguidores e faturar no universo virtual. Pequena Lo, Ivan Baron e Fernando Campos decidiram romper essa fórmula e estão ganhando cada vez mais destaque por expor, sem medos e pudores, suas rotinas reais e ajudar a quebrar preconceitos contras pessoas com deficiências (PCD).
Atualmente com quase 5 milhões de fãs apenas no Instagram, Lorrane Silva, a Pequena Lo, é precursora nesse segmento e seu alcance ajuda a abrir portas para que nomes como Ivan Baron e Fernando Campos pudessem se aventurar como influenciadores. “Eu me tornei a referência que eu não tive. Poder ter esse contato com o Ivan e com outras pessoas com deficiência que fazem sucesso, se mostram e estão aparecendo em muitos lugares, me deixa muito feliz. Fazer parte e ter ajudado de alguma maneira para que eles também chegassem até aqui é muito legal”, diz Lo.
O caminho trilhado por Pequena Lo na comunidade digital foi lento. De 2015, quando começou a publicar vídeos inspirada por um primo que gostaria que ela mostrasse ao mundo o bom humor já conhecido da família, até viralizar, foram cinco anos. De lá para cá, não parou mais. Estampou campanhas publicitárias de grande porte e é presença VIP em eventos concorridos, como o Rock in Rio e o São João da Thay, na última quarta-feira (7/6), onde encontrou a reportagem do Metrópoles.
“Quando comecei a fazer os vídeos, eu falava sobre as minhas vivências, mas nunca falei em específico sobre a minha deficiência, porque a gente luta por inclusão e, querendo ou não, eu já falo sem falar. Falo com a minha muleta, a minha motinha, frequentando esses lugares…. O legal é que a galera consegue ver a inclusão me acompanhando nas redes, mas eles não focam na minha deficiência. Só de estar nos lugares, eu represento muita coisa”
Pequena Lo
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Da rampa do Planalto para o mundo
No dia 1º de janeiro de 2023, o influenciador Ivan Baron foi um dos cidadãos brasileiros escolhido para subir a rampa do Palácio do Planalto e passar a faixa presidencial a Lula. A visibilidade nacional ajudou a projetar a carreira do potiguar, que já havia ganhado notoriedade ao criticar uma fala de Juliette Freire dentro do BBB21. Com a atual voz nas redes, o que ele quer é “quebrar os estereótipos das pessoas com deficiência”, algo que considera o seu maior ato anticapacitista.
“É preciso salientar que os PCDs são pessoas totalmente diferentes, não dá para colocar todo mundo numa bolha. A gente estar aqui no São João da Thay com pessoas de diferentes bolhas sociais faz todos pensarem mais sobre acessibilidade. As pessoas precisam ouvir das nossas vozes as nossas reais necessidades”, pondera.
Hoje, o bom humor e o riso são as principais características dos vídeos do Ivan, mas nem sempre foi assim. “Desde a infância, eu sou vítima do humor, aquele humor que nos excluí, que nem sei se pode ser chamado de humor. Eram inúmeras as piadas com a minha deficiência, e isso acabava me magoando. Mas na fase adulta, eu aprendi a ressignificar e a rir junto com a minha deficiência e entendi que não precisava mais zombar dela. Tem várias situações do nosso dia que a gente consegue conscientizar e, ao mesmo tempo, arrancar gargalhadas dos seguidores”, completa.
“A gente não precisa de piedade, precisamos de oportunidade”
Fernando Campos
Formado em jornalismo, Fernando Campos uniu a carreira como palestrante a de digital influencer por influência de pessoas que perderam a visão e de seus familiares que já acompanham o seu perfil. “Eles diziam que o filho ia perder a visão, mas que me ver surfando, indo para micaretas, curtindo a vida e trabalhando, dava a eles uma perspectiva de futuro e os encorajava a enfrentar os desafios. Isso foi me motivando. Aí meu principal objetivo se tornou abrir caminhos, trazer representatividade, mostrar que pessoas com deficiência são capazes, sim. Porque quando eu era criança, não tinha. Não haviam heróis cegos, apresentadores de TV… Mas a internet oportunizou isso, como a Pequena Lo, que é um farol para a nossa causa”, conclui Fernando.
Mesmo com a fama, Fernando diz que ainda precisa lidar com o preconceito. “Ele está no nosso dia a dia. Muitas pessoas nem sabem o que é capacitismo, e ele está nos mínimos atos. Quando a pessoa encontra a gente e diz: ‘Olha o bichinho, ali’. A gente não quer piedade, a gente quer oportunidade”, conclui.
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