As vítimas foram passadas para trás ao tentarem alugar imóveis em Brasília para o Curso de Formação Inicial da Magistratura do Trabalho
A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) deflagrou operação, nas primeiras horas desta quinta-feira (5/9), para desarticular uma quadrilha especializada em aplicar golpes envolvendo aluguel de imóveis de luxo na capital da República. As principais vítimas eram juízes recém-empossados no Tribunal Regional do Trabalho (TRT).
A investigação conduzida pela 5ª Delegacia de Polícia (Área Central) aponta que 23 magistrados foram enganados por golpistas com promessas de negócios imobiliários vantajosos, mas inexistentes.
As apurações da Operação Delusio — que faz referência à ilusão e ao engano promovidos pelos criminosos — começaram em agosto, após diversas ocorrências serem registradas pelos juízes.
Victor Rodrigues é apontado pela Polícia Civil do Distrito Federal como falso corretor de imóveis que aplicou golpes em pelo menos 23 pessoas – (crédito: Reprodução Redes Sociais) Victor agia de forma semelhante em todos os casos, utilizando técnicas sofisticadas para despistar a polícia. Segundo as investigações, o acusado abordava as vítimas oferecendo imóveis de alto padrão no Condomínio Brisas do Lago, situado no Setor de Clubes Esportivos Sul, Trecho 4. Os contratos eram atrativos e com valor abaixo do mercados. Os imóveis variavam entre R$ 4,7 mil e R$ 5,5 mil. De acordo com a PCDF, para dar uma aparência de legitimidade, Victor assinava os contratos de forma eletrônica e encaminhava os documentos aos compradores.
Com o contrato assinado, Victor exigia o pagamento antecipado via PIX. Após o valor ser pago, ele ainda mantinha conversas com as vítimas, dando detalhes dos imóveis e a data de entrada no apartamento. O delegado à frente do caso, Rafael Catunda, explica que a farsa só era descoberta depois que os futuros inquilinos marcavam uma para conhecer o imóvel e, ao chegar no local, se deparavam com outros moradores. Em alguns casos, as vítimas buscavam informações no condomínio que os imóveis nunca foram administrados por Victor.
Fuga
Após descobrirem o golpe, as vítimas tentavam entrar em contato com o acusado, mas eram ignoradas ou bloqueadas das redes sociais. A estratégia consistia ainda em sumir dos aplicativos e até trocar informações bancárias.
De agosto de 2023 até o momento, a polícia tomou conhecimento sobre 23 ocorrências registradas contra Victor. O grupo de juízes também lesados pelo golpe tentavam alugar imóveis em Brasília para o Curso de Formação Inicial da Magistratura do Trabalho. Eventuais vítimas dos suspeitos que ainda não registraram ocorrência podem entrar em contato com a Polícia Civil para fazer a denúncia.
Falsa legitimidade
Os investigados aplicavam os golpes se apresentando como corretores de imóveis e utilizavam um CNPJ válido para passar a falsa impressão de legitimidade.
Além de estelionato, os investigados podem responder por lavagem de dinheiro, com penas que, somadas, ultrapassam 20 anos de reclusão.
Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos em dois locais no Distrito Federal: Gama e Lago Sul. Durante as diligências, foi solicitado o bloqueio de R$ 266 mil para garantir o ressarcimento das vítimas.