O governo desistiu de adiar o Censo Demográfico para 2022 e garantiu R$ 2 bilhões na proposta de Orçamento de 2021 para a realização da pesquisa, a mais detalhada sobre a realidade de cada pedaço do Brasil e considerada imprescindível para a definição de políticas públicas.
O governo Jair Bolsonaro (sem partido) cogitou adiar o levantamento para turbinar os recursos para o Ministério da Defesa. A proposta foi fortemente criticada por economistas e especialistas em políticas públicas.
O Censo seria realizado neste ano, mas foi adiado devido à pandemia do novo coronavírus, já que requer a ida dos entrevistadores a todos os domicílios do país.
Um novo adiamento poderia prejudicar as séries históricas de dados, algumas das quais já estão defasadas porque o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pelo Censo, não recebeu em 2015 o dinheiro que bancaria a contagem populacional (uma pesquisa intermediária, realizadas entre os censos).
Escândalo inaceitável
Em entrevista ao Estadão há duas semanas, o ex-presidente do IBGE Roberto Olinto disse que seria um “escândalo inaceitável” se o governo decidisse adiar o Censo para 2022 para irrigar recursos ao Ministério da Defesa. Para ele, o risco de fazer a pesquisa em ano de eleição é usá-la para fazer propaganda do governo.
“Ter o Censo também é fazer a defesa do país”, afirmou Olinto, que dedicou 39 anos de sua vida ao IBGE, onde foi coordenador das Contas Nacionais por 10 anos, diretor de Pesquisas de 2014 a 2017 e presidente entre 2017 e 2019.
Agora pesquisador associado da Fundação Getúlio Vargas (FGV), ele avisou que o adiamento da pesquisa traria consequências gravíssimas para os municípios e o planejamento do País.
Os dados da população brasileira são atualizados a cada dez anos Hoje, o que se sabe da população é com base em estimativa do Censo de 2010. Quanto mais se afasta da base do Censo, mais impreciso fica o dado para a definição de políticas públicas, inclusive distribuição de recursos para estados e municípios.
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