Demitido da Rede Globo em agosto deste ano, após ser acusado de assédio sexual por Dani Calabresa, Marcius Melhem teria sido abusivo e violento com outras atrizes, de acordo com a defesa das vítimas. As informações são da coluna de Mônica Bergamo, do jornal Folha de S. Paulo.
Em entrevista à colunista, a advogada Mayra Cotta – que assessora um grupo de atrizes supostamente assediadas pelo humorista – conta que Marcius tentava usar o poder que tinha de contratar ou demitir para constrangê-las e induzí-las a acatar suas ordens.
“Houve um comportamento recorrente, de trancar mulheres em espaços e as tentar agarrar, contra a vontade delas. De insistir e ficar mandando mensagem, inclusive de teor sexual para mulheres que ele decidia se iam ser escaladas ou não para trabalhar, se ia ter cena ou não para elas [nos programas de humor]. De prejudicar as carreiras daquelas que o rejeitaram. De ficar obcecado, perseguindo mesmo. Foi um constrangimento sistemático e insistente, muito recorrente”, alegou a defensora .
Ainda segundo ela, o comportamento do humorista, de chefe assediador, se assemelhava a de um marido abusador. “Ele isolava as atrizes, tinha o poder de não as deixar ir para outros lugares [na emissora], fazer outras coisas. E criava um ambiente de trabalho tóxico. As pessoas se sentiam presas, sem conseguir se livrar daquilo. Ele usava situações de trabalho para as tentar agarrar à força, inclusive usando violência”, explicou a defensora, que se formou na Universidade de Brasília (UnB) em 2009 e tem registro da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) na capital do país.
De acordo com a advogada, baseado nos relatos das atrizes, Marcius tentou agarrar as vítimas à força. “Tentou colocar contra a parede, beijar à força. Isso é bastante violento. Foram casos de assédio sexual mesmo. De mulheres falando não, não quero, me solta, não vou beijar, não vou ficar com você. E ele tentando, agarrando. Não tem zona cinzenta, isso é violência. E aí tem algo muito sério: ele era chefe delas. Ele tinha uma posição de poder”, afirmou Mayra na entrevista à Folha.
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Por fim, Mônica Bergamo diz que a defesa das vítimas revelou que antes mesmo de ser chefe já haviam relatos de assédio de Marcius. “Mesmo não sendo chefe formalmente, tinha posição hierárquica superior. Era capaz de definir quem trabalhava e quem não trabalhava. Tinha o poder de colocar uma atriz na geladeira, por exemplo. Ou de escrever cenas em que contracenava beijando, agarrando a atriz. De usar esse poder de redator, e depois de chefe, para trazer as mulheres para a sua esfera de poder, e com isso as constranger”, disse à Folha de S. Paulo.
Ator diz ser inocente
Neste sábado (24/10), Marcius Melhem, disse, em carta enviada a Folha de S.Paulo, que “não seria capaz de praticar alguma violência, especialmente contra as mulheres”. “Eu coloco à disposição toda minha comunicação que tenho arquivada, com qualquer pessoa que tenha trabalhado ou se relacionado comigo nesses anos. E peço que ouçam as pessoas que trabalharam comigo, que acompanharam muitas situações de perto e que podem falar bastante sobre isso tudo. Peço por favor que apurem a verdade e não apoiem mentiras”, afirmou.
“Qualquer pessoa que me conheça, que tenha convivido minimamente comigo sabe que é impossível eu praticar alguma violência, especialmente contra as mulheres. Jamais seria capaz de emparedar alguém à força. Até hoje eu fiquei calado porque as acusações não apareceram aqui fora. No compliance da Rede Globo tudo foi apurado e investigado rigorosamente. Saí pela porta da frente da emissora que trabalhei por 17 anos”, completou.
Por fim, o comediante disse que vai em busca de esclarecer o que aconteceu. “Sei que num caso desses, ainda mais no momento que vivemos, de tanto ódio, serei culpado até provar o contrário. Então, quero que tudo seja colocado às claras, expor a minha inocência e os meus erros. Quero poder pedir desculpas e cobrar responsabilidades. Vou em busca da verdade”, encerrou.
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