Dia do Dentista: profissionais veem desafios e avanços

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Dia do Dentista: Profissionais veem desafios e avanços
Flávia Dias e Luiz Antônio Zamuner, da Regional da APCD. Crédito da foto: Fábio Rogério (20/10/2020)

O mundo ainda enfrenta os desafios da pandemia do novo coronavírus. E desde o início desse processo, os dentistas estavam lá, na linha de frente. Apesar disso, de acordo com o Conselho Federal de Odontologia (CFO), cirurgiões-dentistas, auxiliares e técnicos em saúde bucal representam o menor índice de contaminados entre os profissionais da saúde que estão na linha de frente contra a Covid-19 no Brasil. O relatório divulgado no início do segundo semestre pelo Ministério da Saúde apontava que, do total de pessoas infectadas, 0,17% eram cirurgiões-dentistas, o que representava 2.737 profissionais contaminados, do total nacional de 1.603.055 pessoas infectadas entre os meses de março e junho.

E nesse contexto pandêmico, houve avanços, ressalvas e conquistas. Segundo a cirurgiã-dentista Flávia Laiz Dias, presidente da Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas (APCD), Regional de Sorocaba, muita coisa mudou com a pandemia. “Os profissionais tiveram que adequar-se ao ‘Novo Normal’ incrementando a biossegurança nas salas de atendimento”, com novos itens de EPI e de higienização do ambiente do consultório, semelhante ao que se usa num centro cirúrgico.

O cirurgião-dentista Luiz Antônio Zamuner, que também faz parte do Conselho Editorial do jornal Cruzeiro do Sul, acredita que com a pandemia houve uma aproximação virtual entre pacientes e profissionais. “A pandemia aproximou um pouco mais a comunicação entre o dentista e os pacientes pelas mídias digitais e essa aproximação veio por vários aspectos, com os pacientes utilizando mais esses recursos, mandando mensagens diretamente para o dentista e isso é muito interessante”, diz Zamuner. Flávia confirma e acrescenta: “Eu já fazia este telemonitoramento via WhatsApp até por conta das minhas especialidades: Odontopediatria, Pacientes Especiais Ortopedia Funcional dos Maxilares e Saúde Pública, cujo público principal são crianças e adolescentes.”

Com os trabalhos remotos, outros pontos foram notados. “Participei de congressos virtuais durante a pandemia e achei muito produtivo. As pessoas se sentem mais a vontade para perguntar e o ministrador também se sente mais a vontade em expor”, comenta Zamuner. “E esse momento é só o começo”, diz Flávia. Para os dois, a tecnologia veio para ficar.

Outro ponto positivo ocorrido durante a pandemia foi a união dos profissionais, incluindo nas compras, que feitas em larga escala trazem preços mais acessíveis.

Odontologia e a mínima intervenção

Durante a entrevista ao Cruzeiro do Sul, Flávia e Zamuner também falaram sobre um conceito atualmente bastante difundido na odontologia, a chamada mínima intervenção, que visa, entre outras coisas, preservar a estrutura dental. A notícia boa é que o pós pandemia vai trazer uma moderação na questão.

Flávia afirma que, principalmente no Serviço Público, a aplicação das mínimas intervenções denota um grande avanço, até por permitir o atendimento de um maior número de pessoas. “A estética faz parte do senso artístico da profissão. O que não pode é o foco só na estética com prejuízo da parte biológica e científica, portanto, temos que procurar equilibrar estes dois polos”, assinala.

Segundo Zamuner, o alto custo está entre os maiores desafios no futuro. “Uma odontologia acessível a todas as camadas da população é o nosso maior desafio.” Flávia considera que um dos caminhos para reverter a questão está na prevenção das principais doenças bucais através da educação da população, principalmente sobre higiene e alimentação.

Toda tecnologia falha quando não se faz esta parte de educação em prevenção para que o paciente possa manter sua saúde bucal e, consequentemente, geral, acrescenta Flávia.

APCD

A APCD tem uma importante missão entre os profissionais. A entidade, em Sorocaba, tem uma das estruturas mais completas no Estado. Atualmente são duas clínicas, com 26 equipamentos. A unidade ainda conta com um centro multidisciplinar, com a possibilidade de transmissão simultânea para um anfiteatro, com capacidade para 115 pessoas. O local ainda conta com laboratórios, centro de esterilização, biblioteca, salas de radiologia e salas de aula.

A entidade também está retomando os cursos, alguns presenciais. “Esses cursos tem um papel fundamental para a saúde bucal da comunidade, com atendimentos de maior complexidade que muitas vezes não conseguem ser supridos pelo serviço público”, lembra Flávia.

A presidente da APCD também comentou sobre a situação atual da entidade. O principal objetivo é a busca ou o retorno de sócios. “O dentista precisa saber que a APCD é o local adequado para se fortalecer enquanto profissional da área de saúde, criar vínculos de amizade e profissionais.”

Segundo Zamuner, há no cirurgião dentista uma grande paixão por cuidar das pessoas, resgatando não somente sorrisos, mas a autoestima e dignidade, tendo um importante papel na manutenção da saúde integral das pessoas.

Aos profissionais da área, Flávia dedica uma famosa frase do Papa Pio XII: “A odontologia é uma profissão singular, pois exige aos que a ela se dedicam o censo estético de um artista, a destreza manual de cirurgião, os conhecimentos científicos de uma médico e a paciência de um monge.” (Da Redação)

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