Mark Noble é um daqueles exemplos cada vez mais raros no futebol. Na temporada 2020/21, ele completa 15 anos no time profissional do West Ham. De clube, já passou de duas décadas, história que começou quando ele tinha 11 anos.
Aos 34, o veterano bateu um papo com o Metrópoles, por meio da Betway, site de apostas, no qual refletiu sobre os altos e baixos de uma longa carreira nos Hammers, sobre as mudanças que presenciou na Premier League, e sobre os melhores brasileiros que já viu jogar. Confira:
Já são quase 20 anos de West Ham, algo raro de se ver no mundo do futebol hoje em dia. Tenho certeza que, nesse tempo, você recebeu ofertas de outros clubes. O que te fez permanecer nos Hammers?
Quando eu era garoto, meu sonho era jogar no West Ham. Finalmente, eu entrei nas categorias de base aos 11 ou 12 anos. Depois, subi até ao time principal e desfrutei esse sentimento de jogar pela equipe. Senti um senso de lealdade para com o futebol. O clube me deu uma fabulosa oportunidade de jogar quando eu era garoto e, claro, ao longo dos anos, me deu uma plataforma para trazer os meus filhos. Eu agradeço ao clube pela lealdade demonstrada durante os últimos 20 anos.
Sua carreira no West Ham foi tudo o que você esperava? Ou houve alguma surpresa no caminho?
Várias surpresas. Nem sempre estamos navegando em águas tranquilas e tive que lutar e sofrer às vezes. Porém, quando você olha a forma como o clube está agora, e espero que estejamos indo na direção correta, acho que estamos em uma excelente jornada.
A verdade é que o futebol nunca estará livre de altos e baixos e, para ser honesto, não creio que clube algum esteja. Mas nós já estamos jogando a Premier League por 17,18 anos, então isso é muito especial. No momento, estamos na metade de cima da tabela.
Quando você olha para trás, há algum bom momento em particular que você se lembra, seja uma temporada, um gol ou um jogo? E há algum momento que você se lembra de ter sido particularmente difícil?
São tantas memórias fantásticas, alguns altos e baixos. Mas um momento difícil foi recentemente, com o lockdown. Eu estava ocupado em casa, enquanto a Premier League, o time, nossos jogadores, os donos e a FA estavam tentando encontrar uma forma para que as partidas voltassem a ser disputadas e pudéssemos encerrar a temporada.
Depois que as coisas voltaram e ver a forma como jogamos, de cabeça erguida, foi um momento muito especial.
Eu me lembro do meu jogo 500 pelo West Ham, conta o Waftford. Nós vencemos e, apesar de ainda não estarmos matematicamente garantidos na Premier League, nós estávamos confiantes e essa foi uma noite maravilhosa para mim e para minha família.
Ainda sobre altos e baixos, o West Ham estava lutando contra o rebaixamento duas temporadas atrás. Agora, vocês estão no topo da tabela. Mesmo técnico, quase os mesmos jogadores, com pequenas alterações. Como você explica essa reviravolta?
No futebol, a gente tem ciclos. Você tem jogadores que chegam e dão liga, e um treinador que sabe a forma como ele quer que as coisas sejam feitas e não aceita nada fora daquilo. Além disso, claro, há os jogadores que já tínhamos aqui, jogadores vindo das categorias de base.
Às vezes, tudo isso dá certo de uma só vez, e acredito que isso foi o que aconteceu conosco. Então, é como eu sempre digo, o futebol é um ciclo.
Algumas vezes você olha os times grandes e pensa em um Manchester City, e um Liverpool, e como eles conseguem dominar por anos e anos. Mas depois de dois ou três anos, surge outro time. O futebol é desse jeito. Você precisa continuar melhorando sempre. Não pode ficar estagnado e pensar, bem, já fizemos o suficiente.
No final desta temporada, o que fará você feliz?
Para ser honesto, eu acho que vou estar mais emocionado do que feliz. Mas é claro que adoraríamos ganhar um troféu ou conseguir para para as competições europeias outra vez. Seria fantástico.
Desde quando você começou na Premier League até o momento atual, quais foram as mudanças mais impressionantes que você presenciou em relação ao estilo de jogo na Inglaterra?
O ritmo e a força da liga aumentaram imensamente. Há tanto suporte científico nos times de futebol agora, precisão esportiva, preparadores físicos, nutricionistas…Cada jogador é um atleta altamente ajustado e, com as redes sociais, você não pode ficar muito longe dos gramados porque, hoje em dia, todo mundo sabe de tudo.
Ao longo dos anos, qual jogador brasileiro mais te impressionou?
Eu gosto de assistir os jogadores brasileiros sempre, acho que isso vale para o mundo inteiro. Eles parecem livres, parece que estão se divertindo. É uma habilidade muito difícil de ter no futebol, porque há tanta pressão para ganhar os jogos.
Porém, ver jogadores como Ronaldo, Rivaldo, Robinho e Ronaldinho. Eram os jogadores que você não podia esperar para ligar a TV e vê-los atuar. Atualmente, você tem caras como o Fernandinho e o Casemiro, que jogam em posições mais defensivas, de uma forma muito inteligente. Além, é claro, de grandes estrelas, como o Neymar. É um país muito especial de assistir jogando futebol.
Caso o West Ham consiga uma vaga nas competições europeias, ficará mais difícil para você parar de jogar?
Eu já tomei minha decisão. É incrível que estejamos nesta posição agora, e estamos brigando na metade de cima da liga, e não na parte de baixo, então isso deixa meu trabalho no vestiário muito mais fácil. Acho que seria mais difícil sair se estivéssemos em dificuldade, mas os rapazes estão fazendo um excelente trabalho e temos um espírito de equipe muito bom. Tomara que isso continue até o fim da temporada e quem sabe onde isso nos levará, mas é um ano emocionante para os torcedores do West Ham.
O post Ao Metrópoles, Mark Noble fala sobre jornada de 20 anos do West Ham apareceu primeiro em Metrópoles.