Rio de Janeiro – Alunos da Faculdade Nacional de Direito (FND) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) relatam situação de insegurança no entorno do prédio da instituição, no Centro do Rio. Apesar de ser uma queixa antiga, recentemente a violência cresceu na região, segundo os estudantes, e fez com que alguns deles desistissem da participação presencial em disciplinas.
Na noite dessa segunda-feira (30/5), um rapaz da Escola Nacional de Ciências e Estatísticas foi esfaqueado em uma tentativa de assalto no caminho para o metrô, na estação da Central. No mesmo dia, quatro estudantes da universidade acabaram assaltados em menos de 2 horas. Os casos reacenderam um alerta nos jovens para a falta de segurança na região.
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De acordo com Alexia Kelly, do Centro Acadêmico Cândido de Oliveira, que representa os alunos da FND, apenas nas últimas duas semanas, houve 20 relatos de furtos e roubos nos arredores. Em um dos casos, uma estudante chegou a sofrer uma tentativa de violência sexual na saída do metrô, por volta das 10h.
“Vimos o número aumentar muito desde que as aulas retornaram, em 11 de março. Antes da pandemia, tínhamos situações, mas percebemos uma piora. Em março, conseguimos que uma viatura do Segurança Presente ficasse na região, mas, hoje, eles aparecem esporadicamente”, conta ao Metrópoles.
Segundo ela, diversos estudantes passaram a andar somente em grupos na saída da faculdade, como uma forma de evitar que criminosos se aproximassem. “Começaram a formar grupos de 10 a 15 pessoas para caminharem juntos até o metrô, mas nem isso tem funcionado mais”, lamenta.
Impacto na vida acadêmica
A violência na região levou alunos a desistirem de frequentar certas aulas da faculdade, por medo de que algo possa acontecer com eles na saída. No caso de Pedro Gonzaga, após uma tentativa de assalto na sexta-feira (27/5), a solução foi gastar mais com carros de aplicativo, para que não precisasse caminhar até o metrô.
“Nos sentimos desolados com a situação. Não conseguimos vislumbrar uma alternativa eficaz permanente. Melhorar o cenário na região é uma ação conjunta do Governo do Estado e da Prefeitura do Rio. Hoje, sentimos que nosso direito de estudar está sendo limitado, porque não temos mais segurança. Estudamos pensando que, quando sairmos, podemos ser assaltados ou machucados”, explica Pedro.
“Muitos não frequentam mais as aulas ou optam por sair mais cedo. No meu caso, sair antes não ajudou também, assim como sair em grupo não inibe mais os assaltantes. O medo aumentou”, completa o jovem.
Características semelhantes e facas
De acordo com Pedro, os relatos de outros colegas coincidem com o que ele presenciou. Os homens que o furtaram, além de alegarem portar facas, tinham características semelhantes com o que foi passado por outros estudantes. Eram jovens, com camisa de manga longa preta, bermuda azul e sempre sacolas nas mãos.
“Eu tive minha mochila roubada e tentei procurar um posto da Guarda Municipal ali em frente ao metrô, mas só havia um guarda e ele disse que não podia fazer nada, porque estava sozinho. Fiz um registro no 190 e tentei também na 5ª DP (Mem de Sá), mas disseram que atendiam apenas a casos de extrema gravidade, então, realizei o registro on-line”, relata.
Em nota ao Metrópoles, o Segurança Presente informou que a região que contempla a universidade não faz parte da área de atuação do programa. Já a Polícia Militar afirmou que o comando da corporação tem intensificado todas as suas modalidades de policiamento no cenário urbano no sentido de reprimir as tentativas de roubos de rua.
A corporação disse também que, somente em maio, o 5º BPM (Praça da Harmonia), responsável pelo policiamento no centro do Rio, realizou 1.160 abordagens a cidadãos em postura suspeita e apreendeu mais de 150 facas e outros 25 objetos perfurocortantes.
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