Validade e mudança de cor. Por que 169 mil vacinas foram para o lixo no DF

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O Distrito Federal teve que jogar 169.416 vacinas contra a Covid-19 no lixo. Os motivos são vários e vão desde data de validade vencida, como ocorreu em 77,86% dos casos, até mudança de cor, que corresponde a 0,001%. Ao mesmo tempo, 170 mil moradores acima de 12 anos sequer tomaram a primeira dose do imunizante responsável por frear os altos índices de mortes na pandemia.

Os números de quem não completou o ciclo vacinal são ainda maiores. A Secretaria de Saúde estima que outras 110 mil pessoas acima de 12 anos não retornaram aos postos para receber a segunda dose e 740 mil moradores já podem receber o primeiro reforço, mas ainda não buscaram a aplicação.

Com isso, boa parte dos imunizantes foram descartados. Dados técnicos da Gerência de Rede de Frio mostram que 131.905 doses foram perdidas por data de vencimento expirado e 9.966 por data de validade expirada após o descongelamento da vacina.

Questionada sobre possibilidade de doação das doses para outras unidades da Federação, antes do vencimento, a Secretaria de Saúde informou que só o Ministério da Saúde pode fazer o remanejamento de vacinas entre os estados.

Procura

Para a infectologista Joana D’arc, são diversas as explicações para entender um número alto de descarte de imunizantes. Entre elas, está o pensamento que desacreditou na ciência e afastou a população dos postos. “Teve o movimento antivacina, que traz prejuízo até com relação às outras vacinas, do calendário tradicional. Muitas pessoas começaram a recusar a imunização”, lamenta.

Ela também pontua a questão estratégica. “O governo se programa para uma compra X, mas, se as pessoas não procuram essa quantidade, se perde. São vários fatores. Estruturais, de acesso e associados às notícias, às fake news, ao tipo de propaganda que foi elaborada para aquela vacina, por exemplo.”

A Secretaria de Saúde tem intensificado as ações de busca ativa, como o carro da vacina, e de vacinação aos finais de semana, para alcançar aqueles que ainda não completaram o ciclo de proteção e evitar perdas de imunizantes.

Há ainda casos significativos de descarte por volume insuficiente do frasco (14.243 ocorrências) e por excursão de temperatura, que ocorre quando doses ficam fora da temperatura recomendada em bula e perdem a eficácia (12.925 ocorrências).

Outros poucos casos isolados levam os imunizantes ao lixo, como nas 326 vezes que houve quebra de frasco, dez por violação de lacre e uma por mudança de cor.

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