Crítica: Sexy por Acidente ataca padrão de beleza com roteiro fraco

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    Não é fácil ser mulher nesse mundão regido por padrões estéticos impossíveis, no qual a exigência por um corpo e um rosto bonitos vem, para nós, antes de qualquer outro atributo. A comediante Amy Schumer desafia várias dessas regras ao não se deixar constranger por ser gorda. Portanto, é natural que ela produza e estrele Sexy por Acidente, uma comédia body positive sobre como a autossabotagem impede tantas mulheres de se realizarem.

    O longa conta a história de Renee Bennett (Schumer), uma novaiorquina com uns quilinhos a mais, cuja auto-estima anda bastante baixa. Funcionária do departamento de compras on-line de uma marca de cosméticos, a jovem é obcecada por moda e maquiagem, mas nunca está satisfeita com o próprio corpo. Ao bater a cabeça num acidente, ela passa a se ver como a mulher mais bonita do mundo.

    Sexy por Acidente bebe nas fontes de várias comédias, como O Diabo Veste Prada (2006), Meninas Malvadas (2004) e O Amor é Cego (2001). Mas ao contrário do filme estrelado por Jack Black, quando Renee se vê bonita, Schumer não aparece mais magra, maquiada ou com qualquer alteração física aparente. A mensagem é bacana: auto-estima é, na maioria das vezes, uma questão de perspectiva.

     

    Com a confiança nas alturas, é claro, Renee vai conseguindo tudo que sempre quis. Desde se liberar numa competição de biquíni, passando pelo almejado cargo na empresa dos sonhos, até o namorado apaixonado por todas suas qualidades e defeitos.

    O amor-próprio excessivo, no entanto, a afasta das amigas, as duas únicas pessoas que tentavam colocá-la para cima nos momentos mais difíceis. Renee se torna, sem perceber, uma das mulheres maldosas tão criticadas no começo do filme.

    Entre tantas idas e vindas e com uma premissa fantasiosa, Sexy por Acidente não é tão ruim quanto parece ser… mas poderia ter sido muito melhor. Com uma reviravolta óbvia no final, a resolução é bonitinha, mas apressada, deixando uma sensação de mais do mesmo.

    O filme vale pela brilhante atuação de Michelle Williams, na pele da tola e privilegiada Avery LeClaire. Cheia dos cacoetes, apresentando um trabalho sensacional com corpo e voz, a indicada a quatro Oscars mostra que não entra em projetos para brincadeira. Nem mesmo em longas com roteiros tão fraquinhos, como é o caso de Sexy por Acidente.

    Avaliação: Regular

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