Nem sempre é bom resolver sozinho dores ou incômodos no corpo. A compra de remédios analgésicos, anti-inflamatórios e antitérmicos sem prescrição médica pode aliviar momentaneamente sintomas, que deveriam ser investigados por um médico. A automedicação é determinada pelo uso de remédios escolhidos pelo paciente ou por indicações recebidas de amigos e familiares.
Este foi o caso do aposentado Raimundo Lima, 67 anos, que já utilizou medicamentos sem prescrição médica. Segundo ele, seu irmão indicou anti-inflamatórios para melhorar algumas dores e ele usou, mesmo sem receita. “Há anos faço automedicação, mesmo indo às consultas regulares e tomando medicamentos prescritos. Já tive algumas reações, mas nada grave” comenta Raimundo.
O Coordenador de Gestão do Departamento de Assistência Farmacêutica do Ministério da Saúde, Marco Aurélio Pereira, explica que alguns medicamentos são isentos de prescrição, mas que isso não significa que eles são isentos de risco. “É preciso estar atento ao uso racional das medicações. Não é porque o remédio não precisa da receita médica que ele pode ser usado indiscriminadamente. Eles são isentos de prescrição, mas devem ser utilizados apenas a partir de uma orientação correta de um profissional de saúde”, explica o coordenador.
Ainda segundo o Marco Aurélio, nem sempre um medicamento orientado para um paciente será o correto para outra pessoa. Por isso, é preciso ter cuidado quanto ao uso da medicação, principalmente quando ela foi indicada por colegas ou parentes. Além disso, ele acrescenta que utilizar por conta própria um medicamento previamente orientado por um médico não é um problema, mas se não houve orientação, já é uma situação diferente.
Uso Racional de Medicamentos – O Ministério da Saúde trabalha com o Comitê Nacional para a Promoção do Uso Racional de Medicamentos (CNPURM), que visa ampliar, monitorar e qualificar o acesso a medicamentos que atendam aos critérios de qualidade, segurança e eficácia. O CNPURM tem o objetivo de identificar e propor mecanismos de monitoramento, articulação e avaliação de ações ligadas ao Uso Racional de Medicamentos, em conjunto com as diretrizes do Sistema Único de Saúde e as políticas nacionais de Medicamentos e de Assistência Farmacêutica.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), existe a automedicação responsável, que é definida como a prática dos cidadãos em tratar seus próprios sintomas e males menores com medicamentos que já foram orientados por profissionais de saúde, de acordo com seu organismo, e que estão disponíveis sem a prescrição.
A OMS recomenda, também, que as bulas e rótulos sejam sempre lidos e acompanhados. Com base em diagnósticos e orientações médicas anteriores, é possível que o paciente possa atuar de forma responsável sobre sua saúde. Caso os sintomas iniciais persistam, um médico deverá ser consultado, pois existem reações adversas que podem ocorrer, como alergias e coceiras. Segundo dados da OMS, atualmente o número de internações provocadas por reações adversas de medicamentos chega a 10%.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária classifica em duas práticas distintas o uso indevido de medicamentos: o uso indiscriminado de medicamentos e a automedicação. Mesmo que tenham relação entre si, existem diferenças. O uso indiscriminado de remédios ocorre quando há o consumo excessivo e constante de medicamentos, com ou sem receita médica. Já a automedicação ocorre quando há o uso de remédios sem a avaliação de um profissional de saúde.
O Coordenador do Departamento de Assistência Farmacêutica do Ministério da Saúde reforça a informação de que “partindo da ideia de que o medicamento sempre pode apresentar riscos e a diferença é se ele está sendo usado corretamente e com orientação ou não, não se pode esquecer que um medicamento, ao ser isento de prescrição, não é isento de risco”, afirma.
Fonte: Kathlen Amado / Blog da Saúde