Flávio Dino: “Mea culpa não pode ser cobrada apenas da esquerda”

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O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), afirmou, na noite desta segunda-feira (23/09/2019), reconhecer que a esquerda brasileira, oposição ferrenha ao governo Jair Bolsonaro (PSL), precisa rever alguns pontos e recalibrar algumas de suas atitudes. A declaração foi em resposta a provocações feitas por jornalistas da bancada do programa Roda Viva, na TV Cultura. Segundo o governador, de fato a esquerda brasileira precisa fazer um “mea culpa”. Mas, ele ressalta, isso não pode ser cobrado apenas deste segmento.

“A autocrítica, a revisão, tem que ser cobrada de todos os segmentos políticos. Não somos responsáveis por essa brutal recessão e pelos 13 milhões de desempregados. Pelo menos, não sozinhos”, destacou.

Para Dino, a estigmatização do termo “esquerda”, que, segundo uma das jornalistas convidadas pelo programa, virou quase que um palavrão no Brasil, se dá por um certo autoritarismo. “Ecos da ditadura”, disse

Segundo ele, uma revisão é feita na prática do dia a dia e não pode ser cobrada apenas da esquerda. “Estamos fora do governo há quatro anos. Isso só é cobrado de nós? E o tal do ‘dream team’ da economia, que não conseguiu fazer nada, a não ser um teto de gastos que só existe no Brasil?”, questionou.

Encruzilhada fiscal
Para ele, a equipe econômica do governo Bolsonaro colocou o país numa encruzilhada fiscal: para cumprir o teto constitucional de gatos públicos, tem que cortar gastos de educação e saúde.

“Pergunto aos brasileiros e brasileiras se alguém concorda com isso. E esse pessoal não faz autocrítica. É cobrada só da gente. Temos que dosar isso e todos nós procurarmos no Congresso Nacional e no livre jogo das forças políticas achar um caminho para sairmos da crise brasileira”, observou.

Dino, no entanto, reconheceu que a esquerda brasileira perdeu algumas bandeiras nos últimos anos, sobretudo depois do impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT). Essas bandeiras estão na temática da segurança pública ou na da corrupção, ele pondera.

Verde e amarelo
“Nós temos que enfrentar, de fato, esse debate. Temos que ter maior cuidado e uma atitude dura com desvio de dinheiro público, sem que caíamos na armadilha de esconder outros tipos de corrupção, como a brutal desigualdade social”, afirmou. “Temos que usar o verde e amarelo”, completou.

Segundo ele, há realmente, pontos que a oposição ao bolsonarismo precisa recalibrar e rever. “Mas, substancialmente, o caminho que nós apresentamos foi bem sucedido. Nas últimas décadas, qual foi o período que as pessoas viveram melhor no país?”, encerrou.

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