Avanço que preocupa

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A Secretaria da Saúde (SES) de Sorocaba comunicou esta semana que a cidade registrou dois casos suspeitos de febre amarela, um homem residente na Vila Carvalho e que está internado em São Paulo e uma mulher que mora no Éden.

As duas notificações estão aguardando o resultado dos exames, mas a possibilidade de dois casos da doença na cidade nesta época do ano é preocupante. A SES informa que não há nenhum bairro em alerta por conta dos dois casos suspeitos da doença e que a vacina, recomendável para pessoas que não foram imunizadas e que tenham entre 9 meses e 59 anos de idade, está à disposição dos interessados nas unidades básicas de saúde.

Os casos suspeitos da doença em Sorocaba aparecem ao mesmo tempo em que o Ministério da Saúde faz um alerta para as regiões Sudeste e Sul do país devido ao surgimento de macacos mortos em matas. Foram 38 macacos mortos nas últimas semanas, com a concentração de casos no Paraná (34 mortes), mas registrados também em São Paulo (3) e Santa Catarina (1). Ao todo foram 1.087 notificações de mortes suspeitas de macacos registradas em todo o país.

Com relação aos humanos, no mesmo período, foram registrados 327 casos suspeitos de febre amarela, dos quais 50 permanecem em investigação. Os dados são do último boletim epidemiológico do MS que apresenta o monitoramento da doença de julho de 2019 até o dia 8 de janeiro deste ano.

O Brasil registra apenas casos da chamada febre amarela silvestre, aquela transmitida por mosquitos que vivem nas florestas.

Os últimos casos de febre amarela urbana, que é transmitida pelo nosso conhecido Aedes aegypti, foram registrados no Acre, em 1942. Mas a circulação do vírus, mesmo na forma silvestre, preocupa as autoridades da área da saúde, principalmente a partir de 2014 quando ele ressurgiu na região Centro-Oeste e avançou progressivamente pelo território nacional.

Recentemente ocorreram surtos significativos da febre amarela silvestre de 2016 a 2018, quando foram registrados 2,1 mil casos e mais de 700 mortes em razão da doença. Em 2017, a cidade de Mairiporã, na Região Metropolitana de São Paulo, localizada na serra da Cantareira, local de matas e reservas florestais, foi o epicentro no Estado de São Paulo de casos da doença.

Começou com o surgimento de um grande número de macacos mortos, 235 segundo levantamento oficial — que representam uma espécie de alarme da circulação do vírus — e na sequência passou a atacar humanos. Segundo levantamento realizado em 2018 foram registrados até agosto daquele ano 537 casos de febre amarela no Estado e 28% desses casos foram de pessoas de Mairiporã. A cidade também registrou o maior número de mortos pela doença.

Em Sorocaba, segundo a Secretaria da Saúde, foram feitas 16 notificações de casos suspeitos da doença no ano passado, mas houve somente um caso de febre amarela foi confirmado, uma pessoa que foi contaminada na cidade de Cajati (SP).

O que preocupa particularmente as autoridades é que a febre amarela é uma doença de verão, pois os mosquitos transmissores, presentes nas matas, se proliferam rapidamente, o que certamente fará o número de casos aumentar.

Além da constatação de que macacos estão morrendo em Estados das regiões Sudeste e Sul, há uma parcela muito grande da população que não tomou vacina. Quando os casos começaram a surgir em território paulista, em 2016, a população assustada correu para os postos de saúde que ainda não tinham estoques suficientes da vacina. A pressão foi tanta que o Ministério da Saúde criou a vacina fracionada contra a febre amarela.

Enquanto uma dose padrão da vacina é suficiente para imunizar para a vida toda, a vacina fracionada, uma dose menor, dura pelo menos oito anos. Foi uma maneira de atender de maneira rápida a grande demanda. Mas o interesse pela vacinação caiu logo em seguida e sobraram vacinas nos postos.

Por isso é importante que a população fique atenta e procure um posto de vacinação se ainda não estiver imunizada. A doença veio para ficar e permanecerá circulando pela região durante um bom tempo. E embora a febre amarela que tem feito vítimas no Brasil seja a silvestre e portanto não é transmitida pelo Aedes aegypti — que é vetor apenas da febre amarela urbana — é importante combater o mosquito que também transmite dengue, zika e chikungunya.

O número crescente de casos de dengue no Estado, principalmente a do tipo 2, que ainda não atingiu grande parte da população, indica que podemos ter uma forte epidemia da doença este ano. Tudo dependerá da população que poderá ou não permitir que o mosquito se prolifere perto de suas casas.

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