Crítica: Somente o Mar Sabe conjectura destino misterioso de navegador

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    A verdade raramente rende boas histórias. No caso de Somente o Mar Sabe, a tentativa de pressupor o que aconteceu com Donald Crowhurst (Colin Firth) baseando-se principalmente nos fatos conhecidos gera um roteiro incapaz de cumprir a proposta do argumento. A ideia de dramatizar o isolamento parece intrigante, mas o filme falha nessa missão.

    Crowhurst era um empresário britânico, casado, pai de três filhos e velejador amador. Obcecado por navegação, decide se inscrever no Sunday Times Golden Globe Race, uma corrida de catamarãs ao redor do mundo. A competição tinha dois prêmios: um para quem concluísse a volta primeiro e outro dedicado a quem o fizesse o menor tempo. Sem nunca ter enfrentado mar aberto antes, o empresário decide se lançar nessa missão praticamente suicida.

    A história real é chocante: para garantir aos patrocinadores que de fato completaria a volta e não daria prejuízos, o navegador penhora a própria casa e sua empresa. Com algumas semanas de viagem e danos irreparáveis no barco, ele entende sua incapacidade de cumprir a missão e parte para outra tarefa impossível: manter a família e os mecenas informados sobre uma rota falsa e muito veloz, com cálculos celestiais dificílimos de fazer.

     

    O primeiro ato do filme é sua pior parte, com uma montagem tão cansativa e imprevisível quanto a do barco usado por Crowhurst na competição. Esse aspecto técnico não se repete em toda história. Muito pelo contrário, em uma cena retratando o Natal que Crowhurst passou no catamarã, a edição cuidadosa consegue situar o espectador tanto na solidão sentida por ele quanto na saudade da família – com os sons de cada ambiente se misturando de maneira belíssima.

    As atuações de Firth e de Rachel Weisz, que vive sua esposa, são absolutamente impecáveis. A dupla faz mágica com o roteiro insosso de Scott Z. Burns. O longa, dirigido por James Marsh (A Teoria de Tudo), poderia ter sido um impressionante tratado sobre o isolamento e a solidão, sobretudo por causa de seu ambiente: o mar aberto. O mergulho, no entanto, não é fundo o suficiente.

    Avaliação: Regular

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