Crítica: em Efeito Fallout, Missão: Impossível desafia limites da ação

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    Missão: Impossível – Efeito Fallout, sequência direta de Nação Secreta (2015), desafia os limites do cinema de ação em algumas das cenas mais espetaculares dos últimos anos. Na sexta aventura do espião Ethan Hunt (Tom Cruise, estrela e produtor da franquia), da IMF, é narrada uma história de vingança pessoal com repercussões globais.

    “Quanto maior o sofrimento, maior a paz”, diz o manifesto do Sindicato, organização criminosa que volta a ameaçar o mundo. Desta vez, com Solomon Lane (Sean Harris) preso, a liderança do grupo é de John Lark, cuja identidade as agências de inteligência desconhecem. Os chamados Apóstolos, asseclas do grupo, espalham medo em atentados terroristas pelo planeta.

    A nova missão de Hunt, Benji (Simon Pegg) e Luther (Ving Rhames) envolve interceptar esferas de plutônio que serão utilizadas pelo Sindicato em bombas de destruição em massa. Tudo dá “errado” quando Hunt toma a decisão de salvar Luther em vez de sacrificá-lo. O alto-escalão parece se virar contra o espião. Walker (Henry Cavill), da CIA, é destacado para seguir a equipe da IMF – e, se necessário, neutralizá-la e eliminá-la.

    A volta de Christopher McQuarrie à direção – ele fez Nação Secreta e comandou Cruise em Jack Reacher: O Último Tiro (2012), além de ter escrito longas protagonizados pelo ator (No Limite do Amanhã, A Múmia, Operação Valquíria) – garante uma filiação visual direta ao capítulo anterior. Mas a ação assume uma escala ainda mais destemida em Fallout.

    Aos poucos, a trama passa a envolver uma vendeta particular de Lane contra Hunt – o terrorista é alvo do MI6, o que provoca o retorno de Ilsa Faust (Rebecca Ferguson) à ativa – e parece apenas continuar o jogo de espiões já conhecido e familiar dos outros filmes, com as marcas de sempre (cena de correria de Hunt, o festival de disfarces, as decisões de última hora).

    Como em todo M:I, a história é coadjuvante e se desenrola em torno das set pieces (as elaboradas sequências de ação). Em Fallout, talvez pudesse ser menos repetitiva e mais bem trabalhada, sobretudo na caracterização dos vilões – Lane, por exemplo, merecia diálogos melhores.

    Todo o filme divide-se em basicamente dois longos conjuntos de cenas arriscadas: uma grande perseguição (de moto, carro e a pé) nas ruas de Paris, com direito a uns dez minutos de reviravoltas frenéticas, e o clímax em Caxemira, quando vemos Hunt e Walker no balé de helicópteros que já entrou para a história do cinema.

    McQuarrie acumula escolhas acertadas na maneira como organiza espacialmente a ação, com planos abertos e uma vigorosa coreografia de câmera nas perseguições – o “passeio” de moto de Ilsa, por exemplo.

    Esse rigor visual segue de perto o código moral inquebrável de Hunt, um homem que se recusa a aceitar os efeitos colaterais de um mundo cada vez mais inseguro e instável. Ele não só salva Luther correndo risco de comprometer a missão como, lá pelas tantas, periga revelar sua real identidade à Viúva Branca (Vanessa Kirby), intermediária e traficante de armas, ao ajudar uma policial ferida que entrou em seu caminho.

    Como manda a tradição da saga M:I, o novo capítulo é tanto a soma de suas sequências de ação – cada filme desafia o anterior – quanto mais um exercício de autoimagem para o vaidoso e dedicado Cruise. Rara franquia que encontra maneiras criativas de seguir adiante e não dá sinais de fadiga.

    Avaliação: Ótimo

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