Mortes no trânsito

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De janeiro a agosto deste ano o número de mortes no trânsito aumentou 24% e superou todos os resultados do mesmo período desde 2015, ano em que foi lançada a plataforma Infosiga, um sistema de dados criado e gerido pelo governo paulista.

Nestes primeiros oito meses de 2019 foram registradas as mortes de 72 pessoas. No ano passado, no mesmo período, morreram 54 pessoas e em 2017, foram 51.

As autoridades ligadas ao trânsito precisam analisar esses números com atenção, levantar as circunstâncias em que os acidentes aconteceram, se houve falhas mecânicas ou humanas, se a sinalização desses locais estava correta e até se o pavimento dos locais do acidente estava em boas condições. Só assim será possível trabalhar para tentar diminuir a perda dessas vidas.

Os dados foram divulgados infortunadamente em uma semana em que dois acidentes gravíssimos deixaram vários mortos em estradas próximas a Sorocaba. Na rodovia Castelo Branco um veículo Mitsubishi Lancer que trafegava pela pista capital-interior ficou fora de controle e, ao invadir a pista contrária, usada diariamente por milhares de sorocabanos, colidiu com três outros veículos, deixando três mortos e cinco feridos.

Na rodovia SP-75, que liga Campinas a Sorocaba, um Fiat Uno coincidentemente também invadiu a pista contrária e colidiu com um ônibus. Em consequência da colisão, quatro jovens de Sorocaba morreram no acidente e uma quinta vítima recebeu ferimentos considerados graves.

Além do fato de os dois acidentes do final de semana terem acontecido de maneira semelhante, é importante notar que as duas rodovias, Castelo Branco e SP-75, estão entre as melhores do Estado, em bom estado de conservação e sinalização.

Os dados do Infosiga sobre Sorocaba e a Região Metropolitana reforçam estatísticas anteriores: 40% das mortes ocorreram em acidentes envolvendo motocicletas, veículo que deixa piloto e carona totalmente expostos e vulneráveis em acidentes de trânsito.

Os dados mostram ainda que 30% das mortes ocorreram devido a atropelamentos, tanto em ambiente urbano como em rodovias. Desde que a plataforma foi criada, em 2015, até agora, foram registrados 3.554 mortes em todo o Estado de São Paulo. Nesse período, 154 motociclistas morreram em Sorocaba, enquanto que as vítimas de atropelamento somaram 140.

Dos acidentes registrados em 2019, mais da metade (56,9%) aconteceram dentro da cidade e 37,5% em rodovias. E há uma concentração de acidentes nos finais de semana que precisa ser estudada. Das 440 mortes que aconteceram em Sorocaba desde que o Infosiga existe, 233 aconteceram nesses dias da semana.

Algumas lições precisam ser tiradas dos números trágicos. Acidentes ocorrem por inúmeros fatores, mas existem algumas causas que podem ser facilmente identificadas. No caso das motos, sem contar com a fragilidade do próprio veículo, é possível identificar o despreparo de motoristas e motociclistas para conviverem nas mesmas vias.

Os motoristas muitas vezes não são treinados para perceberem a aproximação dos veículos de duas rodas. Uma mudança de faixa sem dar seta pode causar um acidente grave. Os motociclistas, por seu lado, muitas vezes abusam nas ultrapassagens pelos dois lados dos veículos maiores, muitas vezes sem se dar conta que podem estar no chamado ponto cego dos motoristas.

No caso dos atropelamentos, é preciso melhorar a sinalização de solo para as faixas de travessia e iluminá-las. Muitas avenidas têm essas faixas que ficam no escuro durante a noite. Os pedestres formam o segundo maior grupo de vítimas de acidentes de trânsito no Estado de São Paulo, e os idosos lideram as estatísticas.

De acordo com dados do Infosiga SP, uma em cada três vítimas pedestres tem mais de 60 anos, o que mostra que é preciso uma adequação do espaço urbano para evitar esses acidentes e condução responsável por parte dos motoristas.

E há ainda a imprudência, que leva ao excesso de velocidade, manobras bruscas ou mesmo rachas que muitas vezes terminam em tragédias.

É nessas situações que a autoridade de trânsito precisa agir com rigor, multando e punindo os infratores. A utilização de novas tecnologias como radares e câmeras de segurança e educação para o trânsito nos bancos escolares podem contribuir para diminuir esses números assustadores.

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