Crítica: As Panteras abraçam o empoderamento na volta aos cinemas

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Quase 20 anos após as primeiras encarnações no cinema, As Panteras retornam às telonas com uma roupagem antenada aos tempos atuais. Kristen Stewart (Crepúsculo, Personal Shopper), Naomi Scott (remake live-action de Aladdin) e a ainda pouco conhecida Ella Balinska vivem espiãs que abraçam o empoderamento feminino e desafiam o machismo de chefes e vilões.

Com direção da atriz Elizabeth Banks (Jogos Vorazes), que também interpreta uma das Bosley, chefes das Panteras, as personagens criadas por Ivan Goff e Ben Roberts na série original (1976-1981) voltam numa continuação tardia de As Panteras (2000) e As Panteras: Detonando (2003), ambos assinados por McG (A Babá).

Não à toa, os fãs logo vão perceber referências ao passado da franquia por toda parte, sobretudo nas cenas extras. Nos bastidores, Drew Barrymore participou da novidade como produtora executiva. Mesmo assim, é inegável a verve de reboot transmitida pelo filme. A proposta, de certa maneira, lembra Caça-Fantasmas (2016), longa cuja bilheteria foi sabotada por exércitos misóginos nas redes sociais.


Desta vez, duas talentosas Angels de Charlie, dono (ou dona) da agência privada de detetives, saem mundo afora para investigar as conspirações por trás do projeto Calisto, de energia limpa. Elena Houghlin (Naomi Scott), cientista e engenheira-chefe da tecnologia, viu sua criação cair nas mãos de homens hediondos – o chefe direto (Nat Faxon) e o patrão bilionário (Sam Claflin) por trás do financiamento – sem ajustes de segurança imprescindíveis.

O resultado: quem se apossar das células de energia pode transformá-las em armas de pulso eletromagnético, poder invisível capaz de matar quem estiver por perto sem deixar traços ou pistas. Assumem a tarefa as espiãs Sabina Wilson (Stewart), desbocada e festeira ex-detenta, e Jane Kano (Balinska), destemida e megaeficiente ex-agente do MI-6, o serviço secreto britânico. Treinada em krav maga, Elena não demora a sair da condição de delatora para participar ativamente da missão.

Salvar o mundo (de machos opressores)

A presença de Banks também como roteirista e produtora faz toda a diferença na caracterização contemporânea – ou woke, para usar um termo do momento – das personagens. Há diversidade sexual e étnica, por exemplo, sem falar na discussão sobre o espaço da mulher em espaços dominados por homens.

O filme abre com um monólogo de Sabina, então disfarçada como date de um criminoso. Em linhas gerais, ela reclama que mulheres bonitas são tratadas pela maioria dos homens apenas pela aparência. As demais, “comuns”, mal se fazem notar. Invisíveis. Em ambos os casos, o machismo faz o sexo oposto olhar para elas de cima para baixo. No fim das contas, porém, serve de combustível para as mulheres brilharem como espiãs em diferentes situações.

A esperta dinâmica de gênero nas tiradas cômicas, quebras de expectativas e reviravoltas de roteiro – apesar de não ser surpresa para ninguém que praticamente todos os personagens masculinos se mostrem sacanas ou egoístas – não ganha correspondente à altura nas cenas de ação, meramente qualquer nota.

Há aquele já esperado e proposital exagero televisivo, oitentista nas sequências de perseguição, tiroteio e porrada, mas a falta de personalidade e organização visual acaba deixando o ritmo da narrativa morno em vez de empolgante – algo certamente problemático para um filme de 118 minutos.

O novo As Panteras não é nem a melhor diversão da temporada nem o caça-níquel dispensável que alguns pessimistas vão pintar por aí.

Avaliação: Regular

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