O QUE FOI O COMANDO SUPREMO DAS ORGANIZAÇÕES ANTICOMUNISTAS DO BRASIL, A VANGUARDA DE CAÇA AOS COMUNISTAS-VCC, A CRUZADA LIBERTADORA MILITAR DEMOCRÁTICA-CLMD E OUTROS GRUPOS TERRORISTAS DE UTRADIREITA

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Salin Siddartha

O Comando Supremo das Organizações Anticomunistas do Brasil

Era uma entidade contrária ao “desvio e afrouxamento” dos princípios que nortearam o movimento militar de março de 1964 e abrigava diversas organizações de direita e ultradireita, dentre elas a Cruzada Brasileira Anticomunista, o Movimento Patriótico Anticomunista, a Legião Anticomunista, a Legião Feminina Anticomunista, o Comando Democrático Anticomunista e era filiado a uma organização intercontinental, a Confederação Interamericana de Defesa do Continente. O Contra-Almirante Carlos Penna Botto era o patrono do grupo.

O Comando Supremo das Organizações Anticomunistas do Brasil concedia a condecoração chamada de “Cruz da Ordem do Mérito Democrático”, confeccionada em liga de bronze, com 3,6 cm de diâmetro. Para cúmulo da desfaçatez, em 26 de fevereiro de 1973, enviou ao diretor do DOPS do Estado da Guanabara convite para a posse da nova diretoria.

A Vanguarda de Caça aos Comunistas-VCC

A Vanguarda de Caça aos Comunistas-VCC era uma organização anticomunista de cunho terrorista instituída em defesa do regime militar e de seus princípios; era formada por militantes da direita radical exasperada pela suspensão do AI-5, a anistia e o retorno dos exilados políticos. Alguns dos seus componentes trabalhavam no próprio aparato repressivo estatal, inclusive oficiais ligados ao Centro de Informação do Exército-CIE, como o Coronel Freddie Perdigão Pereira, e praças como os Sargentos Magno Cantarino Motta e Guilherme Pereira do Rosário, morto no atentado ao Riocentro, em maio de 1981, devido à bomba que carregava ter estourado em seu colo.

A Vanguarda de Caça aos Comunistas existia pelo temor que as autoridades militares, políticas e religiosas tinham de o comunismo implantar-se no Brasil, na década de 1980; ela não concordava com a abertura política empreendida pelos governos militares de Geisel e Figueiredo. Além de aterrorizar os grupos de esquerda, visando enfraquecê-los, pretendia impedir o sucesso das reformas democratizantes dos últimos governos militares (a imprensa se tornara um dos alvos preferidos dos ataques do VCC).

A Vanguarda de Caça aos Comunistas, em carta ao Jornal do Brasil, assumiu os atentados contra o presidente da OAB, Eduardo Seabra Fagundes (causando a morte de sua secretária, Lydia Monteiro da Silva), no dia 27 de agosto de 1980, com uma carta-bomba, e contra o Vereador Antônio Carlos de Carvalho (Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro); a bomba que a VCC colocou na sala de trabalho do Vereador estava localizada debaixo da mesa do chefe-de-gabinete e, quando a gaveta foi aberta, explodiu, deixando um funcionário cego e provocando a amputação do braço esquerdo do chefe-de-gabinete – outras cinco pessoas ficaram feridas. Outra carta foi enviada dia 28 de agosto de 1980, à Superintendência Nacional de Abastecimento-SUNAB, junto com uma bomba que, apesar de ter sido aberta pela secretária do Superintendente-Geral da

instituição, não detonou, pois estava com o contato interrompido e uma das pilhas descarregada – a sigla VCC estava gravada a alfinete na bomba.

Na época, a Delegacia de Polícia Política e Social-DPPS do Estado da Guanabara chegou a afirmar que “os atentados contra a OAB, a Câmara, a SUNAB e as bancas de jornais estão sendo coordenados pela Vanguarda”, todavia tratou os atentados como crimes comuns e não deu andamento aos inquéritos.

A Cruzada Libertadora Militar Democrática-CLMD

A Cruzada Libertadora Militar Democrática-DLMD era uma organização paramilitar de direita, anticomunista e clandestina que atuava belicamente desde 1961 e mantinha estreitas ligações com o Instituto Brasileiro de Ação Democrática-IBAD, que a financiava. Foi uma entidade associada a interesses conspiratórios, criada com o intuito de disseminar campanha para conquistar a opinião pública; apoiava o general Olympio Mourão Filho, comandante da IV Região Militar, e o Governador de Minas Gerais, Magalhães Pinto, na formação da articulação golpista para depor o Presidente João Goulart.

Outros Grupos Terroristas de Ultradireita

Também tiveram certa participação como terroristas de direita os seguintes grupos: o grupos de extermínio Cravo Vermelho e Bombril, o Comando Delta, Movimento de Renovação Nazista-MRN, a Falange Pátria Nova-FPN, Falange Anticomunista e a Comissão Nacional de Repressão ao Comunismo.

Nestes tempos em que a imprensa divulga a formação de grupos terroristas de ultradireita, é bom que conheçamos um pouco de nossa recente história, para que não sejamos incautos ao perigo golpista que nos rodeia.

Cruzeiro-DF, 10 de maio de 2020

SALIN SIDDARTHA

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