Cientistas descobrem origem das pedras de Stonehenge

0
1602

Cientistas conseguiram resolver um enigma de décadas: a origem das pedras de Stonehenge, no Reino Unido. A descoberta só foi possível após a devolução da pedra que forma o núcleo do monumento, que foi retirada para análises em 1958 e era dada como desaparecida. Robert Phillips, de 89 anos, que trabalhou nas escavações, estava com o artefato, devolvendo-o mais de 60 anos depois.

A análise da rocha de 1 metro de comprimento foi comparada com estudos geoquímicos de megalíticos verticais que pertencem a Stonehenge. Com isso, foi possível determinar que elas foram retiradas de uma região a 25 km ao norte do monumento, próximo à cidade de Marlborough.

Os cientistas falam que Stonehenge possui dois tipos de rochas: as bluestones e as sarsens. Bluestone não é necessariamente um termo geológico, sendo usado na região para falar de outras 20 rochas diferentes, inclusive de algumas que são misturas entre elas.

A aglutinação mais comum é de dolerite e preseli. Elas formam as menores pedras de Stonehenge, e a origem delas já havia sido determinada nas Colinas Preseli.

Retirada de pedras de Stonehenge em 1958Retirada de pedras de Stonehenge em 1958.Fonte:  Historic England 

Há séculos, o monumento Stonehenge, do período neolítico e localizado no sul da Inglaterra, deixa historiadores e arqueólogos perplexos com seus mistérios. Como ele foi construído? Qual era seu propósito? De onde vieram suas imponentes rochas de arenito?

Essa última questão pode finalmente ter sido respondida com a publicação de uma pesquisa nesta quarta-feira. O estudo descobriu que a maioria das pedras gigantes parece ter uma origem comum a 25 quilômetros, em West Woods, uma região repleta de atividade pré-histórica. As descobertas dão suporte à teoria de que os megálitos foram levados à Stonehenge mais ou menos na mesma época: 2.500 a.C., a segunda fase de construção da estrutura. Esse pode ser um sinal de que seus responsáveis eram de uma sociedade altamente organizada.

Por outro lado, a novidade contradiz uma hipótese mais antiga de que uma das rochas grandes, a Heel Stone, veio de uma área vizinha ao local e foi erguida antes das outras.

Segundo David Nash, autor principal do estudo publicado na revista Science Advances, até recentemente não existia a tecnologia necessária para analisar os pedregulhos, que chegam a 9 metros de altura e pesam até 30 toneladas. O professor da Universidade de Brighton contou à AFP que ele e sua equipe usaram primeiro equipamentos portáteis de raio-x para analisarem a composição das pedras. Elas são 99% sílica, mas contêm vestígios de vários outros elementos. “Isso nos mostrou que a maior parte das rochas tem uma química similar, o que nos levou a identificar que estamos em busca de uma mesma fonte principal”, disse Nash.

Em seguida, eles examinaram duas amostras de uma das pedras, obtidas durante uma restauração feita em 1958. Elas haviam desaparecido, mas ressurgiram em 2018 e 2019. Com uma técnica mais sofisticada de análise chamada espectrometria de massa, foi possível detectar uma maior variedade de elementos com maior precisão. A “assinatura” resultante foi então comparada com 20 possíveis locais de origem das rochas sedimentares. West Woods, no condado de Wiltshire, foi o que melhor correspondeu.

“Enorme esforço”

Pesquisas anteriores revelaram que as pedras menores de Stonehenge vieram do País de Gales, cerca de 200 quilômetros a oeste. O novo estudo diz que elas e as pedras maiores foram colocadas ao mesmo tempo. “Deve ter acontecido um esforço enorme na época”, avaliou o pesquisador. “Stonehenge é como uma convergência de materiais trazidos de diferentes lugares”.

Ainda não se sabe como os primeiros bretões foram capazes de transportar pedras de até 30 toneladas por uma distância de 25 quilômetros, mas a ideia predominante é de que elas foram arrastadas por trenós. O significado da estrutura também permanece um mistério. Nash acha que se trata de uma sociedade muito organizada.

A escolha de West Woods para a extração dos pedregulhos deve ter sido pragmática, por ser um local próximo, de acordo com ele. A região também concentrava atividades do começo do Período Neolítico e inúmeros cemitérios antigos.

Nash disse ainda que o método desenvolvido pelos cientistas poderia ajudar a responder a outras questões arqueológicas, como a rota usada para transportar as pedras. Além disso, ele e sua equipe esperam usar as técnicas em outros locais antigos espalhados pela Grã-Bretanha.

Fonte:bbc

Artigo anteriorHomem morre em Motel do Bandeirante suspeita de alta dosagem de estimulantes sexuais
Próximo artigoServiços das administrações regionais já estão no e-GDF