“Denunciamos para expor a fraude do tratamento precoce”, diz ex-médico da Prevent

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Médicos que denunciaram a Prevent Senior à CPI da Covid-19 vieram a público pela primeira vez para falar sobre as acusações contra uma das maiores operadoras de saúde ao país.

Em entrevista ao Fantástico, veiculada neste domingo (3/10), os ex-médicos da operadora George Joppert, Andressa Joppert e Walter Corrêa expuseram as supostas práticas da empresa. “Eles estavam vendendo uma coisa que não funcionava. Colocando as pessoas em risco. Se não houver uma atitude muito energética das autoridades com a Prevent, eles vão continuar fazendo isso e vão sair ilesos de toda essa história”, disse Walter Corrêa, ex-plantonista de um hospital da Prevent Senior.

“Denunciamos para expor a fraude do tratamento precoce, expor a fraude de suposto sucesso de gestão”, afirmou Corrêa à entrevista. Ele registrou boletim de ocorrência após sentir-se coagido por uma ligação do diretor-executivo da empresa, Pedro Batista Júnior.

A ligação foi em abril deste ano. Ocorreu depois que Walter foi ouvido, sem se identificar, para uma reportagem com denúncias contra a Prevent. “A minha esposa estava do lado e ficou apavorada com aquilo. Queria até ir embora da cidade. Ficou assustada, temendo pela minha filha, a gente ficou apavorado com aquilo”, relatou.

Os outros dois médicos ouvidos pela reportagem, George Joppert Netto e Andressa Fernandes Joppert, devem ser ouvidos pela CPI da Covid-19 nesta semana. Eles denunciaram que a Prevent Senior obrigava cada médico a atender 60 pacientes em 12 horas, ou seja, um paciente a cada 12 minutos. Segundo eles, a empresa sentia-se segura para fazer pesquisas com medicamentos sem eficácia contra a Covid-19 em humanos, pois não temia sofrer sanções por parte do Ministério da Saúde ou órgãos subordinados à pasta.

“A Prevent Senior tinha segurança que não seria fiscalizada pelo Ministério da Saúde. Fui repreendida por não ter prescrito cloroquina a uma paciente com problemas cardíacos”, afirmou Andressa. Além de não ter eficácia contra o coronavírus, o medicamento é contraindicado para esse tipo de caso por causa do efeito colateral relacionado à arritmia cardíaca.

A Prevent Senior é investigada pela CPI da Covid após denúncias de más práticas durante o tratamento da Covid-19 em suas unidades hospitalares de São Paulo. Em um primeiro momento, 12 médicos representados pela advogada Bruna Morato elaboraram um dossiê entregue à comissão com denúncias de uso indiscriminado de medicamentos – como cloroquina, hidroxicloroquina, azitromicina e ivermectina – sem comprovação de eficácia para o tratamento do coronavírus.

Segundo o dossiê, os pacientes recebiam um “kit Covid” para tratamento. Além disso, pesa contra a operadora de saúde a suspeita de usar pacientes como “cobaias humanas” para testar outros remédios sem comprovação científica no combate à Covid como a flutamida, o etanercepte e o metotrexato. A empresa é acusada de omitir as mortes de ao menos sete pessoas tratadas com a hidroxicloroquina.

O primeiro fármaco é usado para tratar o câncer avançado de próstata. Os outros dois, para artrite. Esse protocolo foi batizado de “tratamento com nanopartículas”. Outra denúncia gira em torno da suposta falsificação de atestados de óbito, como o caso da mãe do empresário Luciano Hang, dono da Havan.

Os três médicos também relataram que a operadora de saúde pressionava os médicos a realizarem alta precoce de pacientes, a fim de diminuir custos e liberar leitos de UTI nos hospitais da empresa.

Outro lado

Em nota ao Fantástico, a Prevent Senior negou todas as acusações e declarou que provará na Justiça sua inocência.

Depoimentos

A CPI da Covid-19 deve ouvir nesta semana o casal de médicos George Joppert Netto e Andressa Fernandes Joppert. A dupla é apontada como autora do dossiê que revelou supostas irregularidades da Prevent Senior no tratamento de pacientes com Covid-19.

A comissão parlamentar de inquérito também convocou o presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Paulo Roberto Rebello, para prestar depoimento ao colegiado. Ele deve ser questionado sobre quais procedimentos a agência tomou em relação ao caso da Prevent Senior.

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