O Ministério Público Federal (MPF) investiga uma rádio de Pato Branco, no Paraná, que teria divulgado tratamentos ineficazes contra a Covid-19.
A Procuradoria da República do Paraná (PRPR) instaurou um inquérito civil para apurar o caso.
“Apurar suposta omissão dos responsáveis pela rádio Ativa FM, de Pato Branco/PR, em impedir a propagação de notícias falsas, notadamente sobre medicamentos ineficazes contra a Covid-19, por parte de seus funcionários, diante do alcance incalculável e dos potenciais prejuízos que tais condutas podem ocasionar”, diz o objeto do inquérito.
Ao Metrópoles, o MPF acrescentou investigar a existência de uma política de comunicação destinada aos radialistas e apresentadores da rádio.
No Brasil, a divulgação do tratamento precoce contra a Covid-19, com o uso de medicamentos como hidroxicloroquina e ivermectina, por exemplo, foi amplificada sobretudo pelo presidente Jair Bolsonaro (PL).
Esses remédios não possuem eficácia comprovada contra o novo coronavírus.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) concluiu que a hidroxicloroquina não funciona no tratamento contra a Covid-19 e alertou ainda que seu uso pode causar efeitos adversos. Também reforçou que a ivermectina não deve ser usada fora de ensaios clínicos.
Em artigo na revista científica The Lancet Regional Health – Americas, pesquisadores da USP afirmam que essa crença no tratamento ineficaz pode levar, ainda, pacientes ao abandono de medidas de proteção.
“O ‘kit covid’ tem sido promovido e prescrito no Brasil com base em evidências anedóticas, experiências e opiniões pessoais, estudos in vitro com dosagens de medicamentos excedendo os limites de segurança em humanos, estudos clínicos de baixa qualidade metodológica, revisões sistemáticas com metanálises sem qualquer credibilidade, ideologia política e a chamada ‘autonomia médica’”, afirmam.
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Em nota, a assessoria de comunicação do MPF-PR não disponibiliza informações sobre potenciais investigados até que eventuais acusações (denúncias) sejam formalizadas e ajuizadas.
Em conversa com o Metrópoles, o diretor da Ativa FM, o empresário Nediro Modanese, afirmou, inicialmente, que irá se manifestar apenas no processo. Em seguida, alegou não se lembrar do que se trata a investigação e negou haver qualquer direcionamento destinado aos apresentadores da rádio.
Após a reportagem insistir e questionar se Nediro admite que a rádio divulgou o tratamento precoce contra a Covid, o empresário respondeu: “Não estou afim de dar explicação”. E desligou o telefone.
Também é dono da rádio o dentista Francisco Antoninho Alérico, diretor-presidente da Dior Center.
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