Agente socioeducativo é afastado por filmar colegas nuas no banheiro do trabalho
Um agente da Unidade de Internação do Sistema Socieducativo de São Sebastião, no Distrito Federal é suspeito de colocar uma câmera escondida no banheiro feminino, para gravar imagens das colegas de trabalho, na hora do banho. O objetivo seria uma servidora, mas outras acabaram sendo filmadas.
A denúncia foi feita por servidoras que prestaram queixa na polícia. Elas encontraram a câmera no dia 17 de janeiro passado.
O servidor Rafael Osvaldo de Carvalho Arantes foi afastado do trabalho, por 60 dias. A determinação foi publicada no Diário Oficial do DF desta sexta-feira (4). Procurado Rafael não atendeu as ligações e nem respondeu as mensagens.
Servidoras desconfiaram
Segundo a denúncia, uma servidora começou a desconfiar porque, ao final do expediente o agente insistia para que ela tomasse banho antes de ir para casa. Constrangida, a vítima preferiu não falar sobre o caso.
A chefe do plantão do dia 17 de janeiro, Natércia Lage de Oliveira, disse que foi esta servidora que encontrou o equipamento de filmagem.
“Ela, já muito desconfiada do que estava acontecendo , viu um papel amassado na janela. Aí, ela pegou nesse papel e sentiu que tinha um objeto, era uma câmera, uma mini câmera de filmagem”, conta Natércia.
Segundo ela, o homem confessou o crime no mesmo dia, depois que a agente fez a denúncia para a direção da unidade. “Ele pediu desculpas. Disse que estava apaixonado”, diz a servidora.
“Tá todo mundo muito em choque ainda. Até onde a gente sabe [a colega por quem o agente estaria apaixonado] não é a única vítima. A gente encontrou imagens de uma outra agente também, que teria sido filmada”, afirma Natércia.
De acordo com a denúncia, as imagens gravadas eram compartilhadas. Conforme a presidente da associação dos especialistas socioeducativos do DF, Luana Euzébia, os vídeos chegaram a circular em alguns grupos.
“Então, não ficava só pra ele, o que agrava mais ainda a situação. Há relatos, inclusive, de que ele usava essas imagens pra se masturbar, pra se satisfazer sexualmente”, diz Luana.
Para Luana, o caso precisa ser punido com rigor. “A gente entende que isso é mais um desdobramento de uma cultura misógina e machista que nós, servidoras, por vezes vivenciamos no nosso ambiente de trabalho. A gente vem pedir medidas à altura desse crime que foi cometido”, aponta..
Boletim de ocorrência
As vítimas registraram ocorrência na Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam), na 205 Sul. A Secretaria de Justiça (Sejus) também abriu uma investigação interna.
O Agente socioeducativo foi nomeado em dezembro de 2019 e ainda está no período de estágio probatório, que é de três anos.
A Polícia Civil informou que não vai comentar o caso para não atrapalhar as investigações. Já a Secretaria de Justiça informou que além de afastar o servidor durante o processo de investigação, elabora um protocolo de prevenção e enfrentamento ao assédio sexual no sistema socioeducativo.