Serviço agora estará em todas as cidades. DF tem a maior malha cicloviária do país, com elevação de 20% em 18 meses
A Agência Brasília começa nesta quarta-feira (19) uma série de reportagens sobre os planos do GDF para incentivar o uso da bicicleta em todo o Distrito Federal e, assim, fortalecer o hábito como alternativa de mobilidade e lazer para os brasilienses. Nesta primeira matéria, experiências também demonstram a importância da integração das bikes com os diversos modais de transporte do DF, algo que torna a cidade mais ágil, saudável e sustentável.
Há cerca de um ano, o mecânico Vanderlúcio Gomes da Silva, de 29 anos, incluiu na sua rotina o uso da bicicleta para ir ao trabalho. De segunda a sexta-feira ele saía pedalando de casa, no Riacho Fundo II, até a estação Taguatinga Sul do metrô. Lá, embarcava no último vagão – priorizado para quem está de bike –, descia na Estação Central da Rodoviária do Plano Piloto e completava o trajeto sobre duas rodas até a 703 Norte.
“Usar o metrô com a bicicleta sempre deu certo e eu era muito bem servido, mas aproveitei a pandemia para evitar o transporte coletivo”Vanderlúcio Gomes, mecânico
A integração dos modais usufruída por Vanderlúcio e por outros milhares de brasilienses que incluíram a bicicleta como um dos seus meios de transporte, diariamente, é uma das ações que o Governo do Distrito Federal (GDF) desenvolve para desafogar o tráfego de veículos nas ruas. A proposta faz parte do Plano de Mobilidade Ativa desenvolvido pela Secretaria de Transporte e Mobilidade e vai atender, principalmente, quem mora nas outras 32 regiões administrativas do DF e trabalha no Plano Piloto de Brasília.
Nesse sentido, o governo se prepara para reativar um serviço que dará suporte a quem depende só do transporte coletivo: o compartilhamento dos equipamentos de mobilidade sobre duas rodas – aqueles que podem ser retirados e entregues em estações fixas da cidade. “A ideia é voltar com as bikes e os patinetes compartilhados. Estamos preparando o edital para botar a licitação que permitirá o contrato das empresas ainda neste semestre”, adianta o secretário de Transporte e Mobilidade do DF, Valter Casimiro.
O termo de referência – com regras para a prestação do serviço e a minuta de acordo de cooperação, sem custo algum para os cofres públicos – serão analisados pela Procuradoria-Geral do Distrito Federal (PGDF). Só depois disso o documento será divulgado.
“Desde o início da atual gestão o governo tem dado uma atenção especial à ciclomobilidade, principalmente no Plano Piloto, que recebe trabalhadores de todas as cidades que não podem abrir mão do metrô ou do ônibus em um longo percurso. Mas que ganham tempo, economia e qualidade de vida fazendo parte dele pedalando”, completa Casimiro.
Também nas RAs
O retorno das vem acompanhado de uma novidade: os “aluguéis” deixam de se limitar ao Plano Piloto e passam a circular por todo o Distrito Federal. “Pela primeira vez a secretaria vai abrir um processo para contratar os serviços em outras regiões administrativas fora da região central de Brasília”, conta o subsecretário de Infraestrutura e Planejamento, José Soares de Paiva.
O técnico do governo lembra que o princípio da prestação de serviço do transporte público é oferecê-lo desde o ponto de partida do cidadão, ou seja, a casa ou trabalho do brasiliense. Por uma questão logística em grandes centros urbanos, isso nem sempre é possível. “A dinâmica não permite a cobertura integral. Então, precisamos oferecer meios para essa complementação, seja a pé ou de bicicleta”, acrescenta.
Dados da Subsecretaria de Infraestrutura e Planejamento apontam os ônibus como o meio de transporte responsável por atender de 40% a 45% da população do DF. Já o metrô serve de 10% a 12% dos moradores de Brasília. O modal sobre trilhos tem o último vagão prioritário a quem viaja com a bicicleta.
Já com os ônibus isso ainda é diferente. Como os contratos da atual frota em circulação são de 2012 e 2013, a Secretaria de Transporte e Mobilidade estuda a possibilidade de inserir adaptações nos veículos contratados a partir de 2022, atendendo a quem os utilizar com a bicicleta a tiracolo.
Saúde e menos gastos
Com uma economia mensal de pelo menos R$ 300 – se utilizasse o carro, o gasto seria R$ 800 a mais por mês –, o mecânico Vanderlúcio Gomes, o trabalhador do início desta reportagem, resolveu alterar sua rotina de transporte durante a quarentena. Agora percorre de bicicleta todos os 30 quilômetros de casa ao trabalho. Ainda que enfrente a carência de ciclovias no trajeto, ele não se arrepende da mudança, à qual atribui questões pessoais.
“Não troquei por não me atender ou porque não gostasse, pelo contrário. Usar o metrô com a bicicleta sempre deu certo e eu era muito bem servido, mas aproveitei a pandemia para evitar o transporte coletivo. Além de aumentar minha performance e fazer sobrar um dinheiro no final do mês”, relata Vanderlúcio.